Lições de um líder

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Rubens Nóbrega

Por uma dessas inexplicáveis e imperdoáveis negligências, deixei-me passar batido na divulgação de uma preciosidade: belíssimo texto de Otomar Legório em homenagem a Bento XVI. A peça me foi generosamente confiado pelo autor no dia 28 de fevereiro último, um dia após a última celebração do papa renunciante.

No momento em que o mundo quase inteiro ovaciona o Papa Francisco, parece-me relevante e oportuno resgatar e levar a público observações que lançam outras luzes sobre o pontificado recém findo, luzes bem diferentes daquelas acesas para dar toda visibilidade possível a um pretenso conservadorismo retrógrado do Papa Emérito.

Deixo-os com as sugestivas reflexões do amigo Legório. É com ele, a partir deste ponto.

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A formação que recebi desde os ensinamentos da minha avó, perpassando pelos da minha mãe, aliada ao convívio de anos com o Padre Michell, um jesuíta francês que tive a ilustre honra de ser seu colaborador ainda quando criança, reforçaram o caráter cristão de quem acredita em um único Deus e tem a imensa convicção na fé de uma Igreja muito mais presente em nossos corações, como diria Santo Agostinho.

O contato com a leitura, sacra ou não, forjou um automático dispositivo de repugnância ao debate infrutífero sobre a religião na qual acredito. Neste sentido, alicerçado no alienável direito de escolha, presto reverência ao sumo pontífice Joseph Alois Ratzinger, ou, simplesmente, Bento XVI.

O cardeal Ratzinger mostrou a muitos líderes de uma humanidade desigual que é a partir do respeito às diferenças que são construídas pontes para uma sociedade mais tolerante. Pontifique-se que o diálogo inter-religioso sempre esteve presente no seu pontificado, tendo em vista que durante todos esses anos à frente da Igreja Católica o Papa buscou, como sempre deixou claro, “o autêntico espírito de Assis”, o qual se opõe a qualquer forma de violência e abuso da religião como pretexto para mais violência.

No seu discurso de 21 de outubro de 2007, durante sua visita a Nápoles, sul da Itália, Bento XVI esclareceu o sentido do famoso encontro com os líderes religiosos mundiais tentado em 1986 por seu predecessor, João Paulo II: “No respeito às diferenças das várias religiões, todos somos chamados a trabalhar pela paz e por um compromisso real para promover a reconciliação entre os povos”.

Segundo o Papa Emérito, “num tempo difícil de crises e conflitos, intensificados pelo fenômeno cada vez mais extenso da globalização, as religiões são chamadas a realizar a sua especial vocação de serviço à paz e à convivência”.

Ao proclamar o respeito aos contrários, Bento XVI resgatou postulados do Concílio Vaticano II – algo que a própria Igreja Católica adormeceu durante anos – e exerceu na prática o que muitos apenas pregam no papel.

E se isso não fosse o bastante, o Santo Padre lançou mão de um gesto desprendido ao renunciar, reconhecendo suas limitações físicas e incapacidade política de resolver os problemas da Santa Sé, demonstrando impressionante dignidade, desapego material e humildade de alma, deixando para mundo a lição de que nenhuma instituição está acima do bem e imune ao mal e que nenhum ser humano é infalível.

Por fim, esperemos que a propalada renovação tão acalentada por quase todos, especialmente pelo Cardeal Ratzinger, seja enfim implementada por seu sucessor.

Mande mais, São José!

Segundo boletim da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa) divulgado ontem pelo G1 Paraíba, no tão esperado Dia de São José, comemorado ontem, choveu em 50 localidades do Estado. Choveu mais em Catolé do Rocha, com 115,5 mm, Cajazeiras, com 109,4, e Vierópolis, com 108,5 mm.

Pelo tamanho da nossa precisão, foi muito pouco. Mas, ainda assim, não sejamos mal agradecidos. Vamos dar graças e rezar muito mais para que o santo mande mais, porque somente providências divinas e milagrosas seriam capazes de livrar o paraibano em geral e o sertanejo em particular de tanta seca e sofrimento.

Emater desestruturada

Quando recebo denúncia de alguém com autoridade moral, competência profissional e seriedade pessoal de um Antônio Carlos Ferreira de Melo, deixo que a parte denunciada defenda-se ou preste os esclarecimentos que quiser. Não vou atrás. Porque não tenho a menor dúvida de que os fatos denunciados são exatamente o que são: fatos. Confiram abaixo e depois me digam se não tenho razão em evitar perda de tempo buscando respostas que muito provavelmente jamais receberei.

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Prezado Rubens, finalmente estamos constatando a tão propalada ‘Revolução no Campo’ prometida na campanha em 2010. Realmente, a ‘Revolução’ está aí, com a maioria de nossos agricultores familiares sem assistência técnica, pois vários escritórios da Emater estão fechados ou com apenas um técnico, que muitas vezes não dispõe de carro ou mesmo um simples computador para emitir a Declaração de Aptidão ao Pronaf.

Esse documento habilita o agricultor familiar a acessar créditos para melhoria da propriedade e sua produção. Essas aplicações neste governo têm sido um fracasso. Além disso, temos pelo menos 5.000 agricultores familiares em sérias dificuldades porque forneciam leite ao Programa do Leite da Paraíba, também dizimado no atual governo, conforme denunciado semana passada pelo Deputado Carlos Batinga. São muitos desencontros, meu caro amigo. Infelizmente, só vemos a situação cada vez pior.