Será que só eu estou sentindo algo de muito ruim acontecendo e o resto da população está anestesiada pelo desejo desesperado de transformações no país pelo o que lhe foi vendido durante a campanha de 2018 e, assim, não se sente que a fita do desenvolvimento está sendo rebobinada para 50 anos atrás, ou então serei o único a seguir solitário empunhando uma bandeira torcendo para que tudo dê errado a partir de agora? Acho que nem uma coisa, nem outra! O que está faltando na realidade é alguém, distante das paixões políticas, para abrir toda essa cortina de fumaça que nos impede de ver o que realmente está acontecendo por aqui!
Quem foi que disse que ter armas em casa é um desejo popular com a liberação para todos os cidadãos? Na verdade, o cidadão quer mesmo é poder sair as ruas com a sensação de estar seguro, e não sobressaltado e tendo de estar preparado para se engalfinhar a qualquer momento com bandidos lutando pela própria vida e da sua família! Então qual o papel do Estado nesse quadro surreal que se pinta e se expõe como se todos estivessem dispostos a admirar! Eu pago os meus impostos (que não são poucos e nem tão baixos) é para que esse mesmo Estado me restitua o investido com a execução de serviços, e não para que eu tenha que arcar além de tudo – dos impostos – com o ônus do enfrentamento de uma guerra urbana que eu pago caro para não tê-la!
O debate sobre segurança pública tem de passar por ações estruturais que melhorem a qualidade de vida, garantam justiça social, permitam que o jovem pobre tenha perspectiva real de futuro, com solução sustentável. Liberar armas, matar geral ou colocar criança em cadeia privatizada só jogará mais gasolina na fogueira.
A quem deve interessar a liberação da posse de armas? E ai eu volto a indagar: Quem foi que disse que é um desejo popular a liberação de armas para todos os cidadãos? Você que é favorável poderá me responder que mais da metade o povo brasileiro tem o desejo de sair por ai atirando a esmo, eliminando desafetos como se estivesse no velho oeste onde imperava o cano de uma pistola, um rifle ou metralhadora… Mas em contra ponto eu posso te responder que, se as urnas apontaram para essa direção esse “desejo de matar ou se defender” não representa mais do que 30% dos cidadãos que optaram pelo que parecia o novo! É sempre bom lembrar que nós somos um pais de cerca de 210 milhões de habitantes, e que apenas 57.797.847 apostaram nessa proposta! Ainda respondendo a quem possa interessar tal projeto, fabricantes de armas estrangeiros são os mais interessados! A bancada da bala no Congresso Nacional, fazendo crescer ainda mais uma outra indústria – a da propina – as fábricas se implantam e alguém sempre levará um troco, os já tão famosos 10%!
A maioria da população, por tanto, quer apenas viver sem ter de se aquartelar ou se proteger atrás de barris, como se matar ou morrer fosse imprescindível! Não é justo arriscar a vida do cidadão comum relegando-o ao deus dará e a própria sorte. Defender o cidadão brasileiro é uma obrigação, é um dever do estado!
Por tanto, não estará desta forma – o governo – protegendo o cidadão da bandidagem que está engolindo o Brasil. Não estará, com isso, garantindo mais liberdade por facilitar o acesso a armas, mas impondo um risco desnecessário às pessoas que estão ao redor de quem as possui. Para o Governo não há risco nenhum! O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, comparou nesta terça-feira (15) o risco para uma criança de alguém manter uma arma de fogo em casa ao risco de a mesma criança se acidentar com um liquidificador. Segundo o ministro, evitar acidentes é uma questão de “educação” e “orientação”. E se você é negro, jovem e morador de região pobre com presença de conflitos entre traficantes, milicianos, policiais, principalmente. Não há dúvidas de que com a medida inocentes devem morrer como consequência disso!
Onyx ainda afirmou que a Polícia Federal será “obrigada” a acreditar na declaração do cidadão que informar que tem cofre ou local seguro para guardar a arma. De acordo com o ministro, a Polícia Federal não tem efetivo para “ir na casa de todo mundo” realizar a fiscalização. Por tanto, ficará liberado geral e pode mentir. Diga qualquer coisa a PF e vai estar tudo bem!
É sabido que com a violência nas cidades, policiais honestos são vítimas do tráfico, das milícias, dos policiais desonestos e também são alvo de sabotagem por parte do próprio poder público – que prefere armar civis muito menos treinados que eles do que anunciar uma política nacional para valorização imediata de seus salários e das condições de trabalho! Não adianta vir dizer que o pacato cidadão precisa estar armado para defender a sua família e que apenas os bem treinados, com curso em academias particulares e com dinheiro no bolso suficiente para se armar – é preciso cerca de R$ 5 mil para essa preparação – é que vai ter acesso as armas que estarão circulando livremente pelo pais, por que não é verdade. Qualquer pessoa interessada ou intencionada, encontrará facilmente um jeito de adquirir a sua! Uma guerra bastante desigual estará declarada e, mais uma vez, quem sairá lucrando com isso será o crime muito bem organizado!
Francisco Airton é radialista e escritor autônomo. Foi secretário municipal de educação de Bayeux durante a gestão do prefeito Jota Júnior.
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton