Faixas das vias continuam apagadas, provocando acidentes e multas. Uma só chuva deixa milhares sem eletricidade por 12 horas e a distribuidora nem sequer pede desculpas. Servidores da saúde descumprem jornadas e zombam da falta de fiscalização. Comandantes pregam corpo mole da polícia e mandam subordinados ignorarem veículos suspeitos em alta velocidade. Para coroar, o abominável monstro de óleo volta a atacar no Lago Paranoá, punindo duplamente o bolso do contribuinte e sonegando socorro. É triste ver tanto pacto sinistro contra os direitos garantidos pela Constituição. No resto do país, continuamos vendo baderneiros mascarados engarrafando o trânsito, e cidades do porte do Rio ficando uma semana sem água.
De olho nas urnas, políticos e gestores da máquina pública têm destacado suas projeções de mais recursos para a saúde, a educação, a moradia e as obras de infraestrutura nos próximos anos. Mas o que está cada vez mais claro é que de nada adiantará colocar mais dinheiro nesse saco furado, nessas engrenagens emperradas e nessas mãos irresponsáveis, se a forma de o Estado operar não for mudada radicalmente. Os serviços prestados à população e pagos com impostos sofrem de um mal gerencial: da ausência completa de método para melhor servir àquele do lado de frente do balcão.
Não pode continuar assim. Minha esperança é que o eleitor, quando assistir aos programas político-eleitorais, com imagens belíssimas de um país próspero e feliz, se sinta impelido a cobrar novo modelo de funcionamento dos governos. Mais transparência, mais planejamento, mais critério na aplicação dos recursos e, sobretudo, mais respeito por milhões de pessoas que dependem de um Estado perdulário e preguiçoso.