Esse caso que “pipoca” na imprensa nacional e que envolve a Paraíba em mais um escândalo de dimensões incalculáveis, leva-nos a continuar meditando o quanto a nossa Justiça, ou alguns dos seus integrantes, fazem questão de ser “cegos” exageradamente.
Nas eleições de 2008, o fato foi amplamente divulgado por parte da imprensa aqui da capital, testemunhas viram com seus próprios olhos, vídeos foram gravados, um funcionário da CONAB alertou as autoridades sobre a tentativa de uso eleitoreiro de cerca de oito toneladas de feijão, que estavam em perfeito estado de validade para o uso humano.
Mas, as nossas autoridades preferiram não aprofundar os levantamentos que poderiam esclarecer o caso em evidencia e tudo foi colocado em “panos frios”, ninguém foi punido e tudo ficou como queriam os transgressores.
O feijão foi retirado do seu local de armazenamento, em plena campanha eleitoral para a Prefeitura da capital. Após perceber que estariam sendo seguidos por integrantes da oposição, os condutores do produto do crime eleitoral desviaram a rota programada, tomaram caminho em direção ao aterro sanitário e lá despejaram o que poderia saciar a fome de milhares de pessoenses.
Foi a saída mais lógica encontrada naquele momento, mas, sob a ótica de qualquer cidadão, comprometido com os interesses da sociedade, seria um caso de prisão em flagrante de todos os envolvidos naquela operação do feijão, haja vista que existiam laudos técnicos da própria CONAB, comprovando que o produto não estava com prazo de validade vencido.
E olha que não precisa ser juiz, nem promotor de justiça para entender essa “rota” criminosa que percorreu esse feijão em plena noite de campanha eleitoral. Qual a explicação para retirar o feijão numa operação silenciosa? O plano, segundo fontes, seria conduzir o produto para a sede da EMLUR. Com quais objetivos? Quem receberia o feijão? Pessoas carentes? Cabos eleitorais? Articuladores de campanhas? Assessores de candidatos a vereador? Quem? Essas perguntas foram levantadas no processo de apuração?
E tem mais: se o feijão foi solicitado ao Governo Federal, com o objetivo de acudir as famílias em estado de miséria, conforme documentos que solicitavam o produto, como ficou estocado de Dezembro de 2007 até Agosto de 2010? Não era para matar a fome do povo? Então, que fome é essa que esperou nove meses, enquanto o feijão ficou guardado no depósito da prefeitura?
São perguntas e reflexões que não querem calar. Basta esquecer as paixões políticas e analisar friamente os elementos envolvidos, que chegaremos à conclusão que podemos ter vivenciado um crime eleitoral de proporções jamais vistas. E o pior: impunemente.