Josival Pereira: Sem Marina, eleição será disputa Fla-Flu como Lula quer

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A ex-senadora Marina Silva decide nesta sexta-feira se se filia a outra legenda para disputar a presidência da República, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) resolveu negar registro ao seu partido, o Rede Sustentabilidade.

Será uma pena se Marina optar por não se filiar a outra sigla e ficar de fora da disputa. Mesmo que corra risco de certa desfiguração noutra legenda, faz-se essencial a participação de Marina no processo.

Com Marina Silva na disputa, o debate sobre modelos e projetos de desenvolvimento para o Brasil deverá ser uma das marcas da campanha para presidente. Sem ela, a campanha eleitoral fatalmente será polarizada e o debate tende a ser extremamente pobre.

Uma posição do ex-presidente Lula ilustra bem a situação em perspectiva.

A imprensa nacional registrou nestes dias que, em Brasília, por onde passou e conversou reservadamente com o vice-presidente Michel Teme, Lula teria afirmado que seu desejo seria a reedição de uma ‘disputa Fla-Flu’ nas eleições residenciais de 2014.

Simples: Lula quer uma disputa polarizada entre PT e PSDB, como vem se dando nas últimas cinco eleições, duas vencidas pelos tucanos e três vencidas pelos petistas.

Na disputa Fla-Flu, o debate da campanha inevitavelmente girará em torno do Bolsa Família e outros programas sociais, privatizações, mensalão petista e mensalão tucano e a uma inútil mensuração sobre quem mais fez, se as gestões tucanas de Fernando Henrique Cardoso ou se os governos petistas de Lula e Dilma.

Uma candidatura de Marina Silva pode quebrar a polarização PT-PSDB e criar condições para uma disputa mais aberta. A candidatura de Eduardo Campos (PSB) poderia até ganhar alento.

Abrir-se-á, com certeza, a perspectiva, de um debate mais aprofundado sobre os problemas do Brasil e projetos mais abrangentes de desenvolvimento e não apenas a luta do poder pelo poder travada entre petistas e tucanos.

A não candidatura de Marina Silva não apenas empobrecerá o debate nas eleições presidenciais, mas deixará exposta uma das mais fragilidades da democracia representativa e do nosso sistema legal: as muitas possibilidades de manobras que solapam a democracia.