A disputa ganha contornos de confronto político com a declaração do prefeito de que o governador tem feito críticas ‘descabidas’ à administração municipal e ao recado ‘se não quer ajudar, não atrapalhe’.
Sem santo
Frise-se, de início, que não existe santo nessa peleja.
Mais ameno e sutil, Cartaxo não costuma fazer ataques diretos ao governador. Mas ele não perde oportunidade de confrontar estilos. Ao optar, por exemplo, que a gestão municipal tem como marca o diálogo, o prefeito e assessores fazem uma crítica indireta ao governador, assim como ocorre na escolha de ações e aliados. Já na Assembleia, os petistas são diretos e são até ácidos nos ataques à gestão estadual.
Nada sutil
Do outro lado, o governador Ricardo Coutinho não consegue ser ameno nem sutil e já fez algumas críticas diretas à gestão municipal. Foi assim na questão do passe livre e na marca dos 100 dias da gestão Cartaxo, entre outras.
Condenável
Esse caso é ainda mais grave porque está se apresentando como uma disputa entre o Governo do Estado e a Prefeitura de João Pessoa, duas instituições públicas que têm a obrigação e a responsabilidade da cooperação e não podem ser usadas para interesses políticos, que é claramente o parece estar acontecendo.
Nada justifica, pois, essa condenável disputa institucional entre Governo e Prefeitura. O cidadão não recolhe impostos para pagar esse tipo ação.
Abominável
Não há também justificativa para essa abominável disputa política entre o governador Ricardo Coutinho e o prefeito Luciano Cartaxo. Não existe disputa eleitoral à vista entre os dois. Talvez nunca se enfrentem nas urnas. Então, há certa estupidez nessa disputa que só vai penalizar a maior cidade do Estado.
Erro estratégico
Do ponto de vista do governador Ricardo Coutinho, a situação parece até inexplicável. Estrategicamente, o mais correto talvez fosse ele estabelecer estreita parceria com a Prefeitura para tentar ganhar votos de eleitores de Cartaxo, que muitos já foram seus no passado. Como o petista não é candidato em 2014, em tese, não haveria problema.
Observe-se ainda que uma parceria mais amiúde entre Governo e Prefeitura poderia diluir a pecha de politicamente irronhento do governador, melhorar sua imagem em toda a cidade e ainda poderia o ajudar a conquistar mais apoios no PT.
Prejuízo para João Pessoa
O mais grave, porém, são os prejuízos que a cidade de João Pessoa, a maior do Estado e a que mais arrecada para os cofres governamentais, pode sofrer com essa disputa. E, diga-se, que a maior responsabilidade é do Governo estadual, que é a instituição maior. Assim, o condutor do Governo, governador, parece o mais equivocado nessa história.