JOSIVAL PEREIRA: Como interpretar declarações de Ricardo sobre candidatura de Cássio?

 

Como interpretar as declarações do governador Ricardo Coutinho (PSB) a respeito da possível candidatura do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) a governador em 2014?

Pra começo de conversa: o que disse o governador?

Perguntado se estava preparado para a disputa de 2014, além de se dizer pronto para qualquer disputa, Ricardo acrescentou que Cássio ‘é governo’, projetou a possibilidade de manutenção da atual aliança PSB-PSDB até 2018 e arrematou afirmando que uma possível candidatura do tucano seria uma ‘absoluta surpresa’.

As declarações de Ricardo sugerem três ou quatro interpretações:

– a reafirmação de sua disposição de disputar a reeleição em qualquer circunstância, com ou sem aliança com o senador Cássio Cunha Lima;

– a preparação, ao afirmar que uma candidatura tucana seria ‘absoluta surpresa’, para tascar em Cássio a pecha de traidor;

– um indicativo de que pode se antecipar e não esperar o rompimento de aliança na última hora, em junho de 2014; algo do tipo “se é para romper, que seja bem antes do prazo final’.

Lógico que as declarações do governador Ricardo Coutinho comportam essas três possibilidades juntas, já que não são excludentes.

Existe, porém, outra interpretação que também faz certo sentido. É a de que o governador teria engolido corda e caído numa armadilha do senador Cássio Cunha Lima e aliados, preparada com as muitas notícias e declarações sobre candidatura tucana nos últimos dias.

A intenção da candidatura existiria de fato, mas, experiente, Cássio não gostaria de tomar a iniciativa do rompimento, uma vez que haveria ‘nós’ bem atados prendendo-o ao governo do Estado e ao governador. As notícias sobre sua candidatura seriam, pois, provocações para inquietar o governador e obrigá-lo, em seu estilo pavio curto, a começar a abordar o assunto, pondo-o na ordem do dia do debate político. Especula-se até que a pergunta da entrevista teria sido encomendada pelo próprio Cássio.

Se assim foi, o bate boca entre socialistas e tucanos está apenas se iniciando. Falta apenas o empurrão para a briga.

Seja como for, lamenta-se que, como sempre, alianças e rompimentos políticos na Paraíba sejam comandados apenas por interesses pessoais ou grupais. Nada de se discutir projetos de desenvolvimento ou programas de governo.