Reportagem do Jornal da Paraíba, edição desta terça-feira, registra que a Paraíba só conseguiu captar, no primeiro semestre deste ano, R$ 150,2 milhões de R$ 1,9 bilhão de recursos de repasses involuntários do governo federal para o Nordeste. O volume representa 8% do total liberado.
A matéria refere-se às chamadas verbas não carimbadas, ou seja, aquelas que não são de repasse obrigatório, como o FPE (Fundo de Participação dos Estados) e FPM (Fundo de Participação dos Municípios).
Pelos dados do Tesouro Nacional, a Bahia captou R$ 464,5 milhões; Pernambuco, R$ 332,7 milhões; Ceará, R$ 314,7 milhões; o Maranhão conquistou R$ 254,7 milhões e o Piauí recebeu R% 154,5 milhões.
A Paraíba ficou na sexta posição, acima do Rio Grande do Norte (R$ 126,5 milhões), Alagoas (R$ 125,1 milhões) e Sergipe (R$ 68,3 milhões).
Na reportagem, o secretário de Planejamento do Estado, Gustavo Nogueira, chega a comemorar o fato de a Paraíba ter ficado na sexta posição. Não há razões para tanto.
Na verdade, esses números do tesouro atestam a incapacidade dos políticos paraibanos, a falta de força política em Brasília para a liberação de verbas, a ausência de unidade em favor do Estado.
Veja-se que o Estado do Maranhão conseguiu R$ 100 milhões a mais e não foi porque a presidente Dilma Rousseff resolveu ajudar aos maranhenses. Opera-se aí a força política da família Sarney (PMDB). Até o Piauí, um Estado que sempre teve baixa expressão política, já libera mais verbas federais não carimbadas do que a Paraíba.
Perceba-se ainda que, na maioria dos casos, os Estados que captaram bem mais recursos são os que estão recebendo investimentos federais para grandes projetos, como porto e refinaria, que são os casos de Pernambuco, Ceará e Maranhão. A Bahia tem fortes investimentos em infraestrutura financiados com verbas federais desde 2009.
Não existe outra explicação: a Paraíba recebe menos recursos porque não tem grandes projetos e não tem os projetos porque seus políticos vivem brigando e, ao longo dos anos, se revelaram incompetentes para pensá-los e elaborá-los. Assim como se revelam incapazes de liberar pelo menos os recursos previstos nas emendas que a bancada federal apresenta.
Não há como contestar: esse baixo volume de recursos federais liberado atesta a incapacidade e a falta de força dos políticos paraibanos.