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JOSÉ DIRCEU: Projeto com aprovação popular

dirceuDurou pouco a alegria da oposição, que chegou a se animar com a queda nos índices de aprovação da presidenta, Dilma Rousseff, apontado em pesquisas realizadas no calor das manifestações de rua ocorridas em junho.

Neste final de semana, o Estadão divulgou nova pesquisa, feita pelo instituto Ibope, que corrobora a tendência de recuperação do apoio da população ao governo federal — o que já havia sido sinalizado em levantamento recente do Datafolha.

De acordo com o Ibope, subiram de 31% em julho para 38% agora os brasileiros que consideram o governo de Dilma “ótimo” ou “bom”, enquanto a avaliação negativa recuou de 31% para 24%. Os que avaliam o governo como “regular” mantiveram-se no nível de 37%.

O instituto atribui a recuperação ao refluxo dos protestos e à melhora de alguns indicadores econômicos — dentre eles, a queda na inflação.

Para a oposição, o “balde de água fria” não poderia ter sido despejado em momento menos propício, agravando a falta de unidade, de articulação e, sobretudo, de projeto alternativo de suas principais lideranças e possíveis presidenciáveis.

A divisão no PSBD e o impasse na constituição da Rede Sustentabilidade, legenda que a ex-senadora Marina Silva tenta viabilizar para abrigá-la como candidata em 2014, são algumas das dificuldades com que se debatem.

No PSDB, a crise dura há muito tempo. O descrédito em torno da candidatura do senador Aécio Neves (MG), cujo desempenho nas pesquisas de opinião é frágil, cresce a cada dia. O ex-governador e eterno candidato José Serra, que deveria mesmo era esclarecer o propinoduto tucano em São Paulo, em um lance contraditório, exige que o partido realize prévias para indicar o candidato ao pleito presidencial do ano que vem.

Contraditório porque em 2010, Serra praticamente decretou-se candidato ao Planalto, impedindo que os tucanos aventassem a possibilidade de outro nome. Pelo menos agora o ex-governador revela sua disposição, diferentemente do que costumava fazer, deixando em suspenso, até o último minuto, sua intenção de sair candidato.

Foi assim em 2010, quando abandonou a cadeira do governo paulista para concorrer à Presidência e perdeu para Dilma, e no ano passado, quando disputou a prefeitura de São Paulo e foi derrotado por Fernando Haddad.

Já a ex-senadora Marina Silva (sem partido), embora tenha obtido 20 milhões de votos nas eleições de 2010, enfrenta enorme dificuldade para reunir as 492 mil assinaturas necessárias para registrar a sua Rede. O pior é que, sem ter as condições para cumprir as exigências legais, tenha reivindicado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tratamento diferenciado, pedindo ampliação do prazo para análise e aprovação das assinaturas coletadas.

Então, agora, a lei deve ser aplicada de acordo com conveniências políticas? Não haveria justificativas para que o TSE cedesse nesta questão e, se o fizesse, abriria uma exceção gravíssima, ferindo as leis vigentes.

Ademais, não seria um bom começo para o novo partido ser erigido com base em uma ilegalidade. A dificuldade para coletar o mínimo de assinaturas necessárias revela a desarticulação de Marina e de seu grupo para formar alianças e construir um movimento social estruturado com condições de conquistar o apoio dos cidadãos.

O que Marina tem de mais concreto até agora é o apoio da grande mídia, que a tem tratado com toda deferência e simpatia — além de colunas, entrevistas e espaços diversos — certamente porque, nesse momento, ela figura nas pesquisas eleitorais como concorrente mais próxima da presidenta Dilma.

Aliás, do bloco da oposição, quem faz mais estardalhaço são mesmo os jornalões, empenhados em criar e recriar crises que só existem em suas páginas. Depois da energia, da infraestrutura, da inflação, das contas externas e de tantas outras, a (crise) do momento é a de confiança. Segundo querem fazer crer seus articulistas, empresários estariam céticos em relação ao êxito da nossa economia. Uma falácia que não se confirma.

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) dão conta de que micro e pequenos empresários responsáveis por 99% dos negócios em funcionamento no país continuam apostando no potencial do nosso enorme mercado.

A verdade é que o apoio que a presidenta Dilma recupera rapidamente é fruto não só daquilo apontado pelos analistas da grande mídia e dos institutos, mas, principalmente, de seu esforço e das medidas firmes adotadas pelo seu governo para responder rapidamente às justas reivindicações da sociedade por mais e melhores serviços públicos — de Saúde, Educação e mobilidade urbana.

Além, claro, de sua confiança na soberania popular para realizar a reforma política e de seu trabalho focado e permanente para continuar melhorando concretamente a vida da população.

Iniciativas como o Programa Mais Médicos, a destinação de bilhões de reais em recursos para que os municípios brasileiros tenham condições de investir na melhoria dos transportes, em saneamento e moradia, o empenho para que o Congresso aprovasse os royalties do petróleo para Saúde e Educação, entre outras, comprovam que o governo Dilma está comprometido em acolher as demandas apontadas como urgentes e aprofundar as reformas realizadas na última década.

O atual contexto político reafirma que a maioria da população está de acordo com a condução no nosso país e confiante na continuidade de um projeto político que transformou o Brasil em definitivo, criando condições para que, de fato, possamos ser uma nação plenamente desenvolvida, onde não haja pessoas em situação de miséria, e com outro patamar de serviços públicos. Esse é o nosso grande desafio.

 

José Dirceu, 67, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT.