Com seus rosedás, ipês, cerejeiras e sibipurunas abraçados por orquídeas e bromélias, o modesto Cemitério da Redenção foi escolhido pelo petista há cinco anos para guardar o seu corpo. É um pequeno paraíso em ruidoso quarteirão de São Paulo, onde 42 espécies de árvores se espalham entre túmulos que desaparecem em meio a flores de diferentes cores. Neste sábado, foi para José Dirceu o Jardim do Éden onde tentou encontrar a felicidade perdida.
Eventos do PT têm sido assim nos últimos anos: ou discursam Lula e Dilma, ou discursa Dirceu.
O esforço de logística petista tem um motivo: evitar o desgaste de eventual registro de imagem unindo as duas maiores lideranças do partido com o “ex-capitão do time” do primeiro governo de Lula, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 10 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha.
A distância prudencial foi rompida neste sábado.
Muito em função do luto da morte de um amigo comum, fundador do PT, ex-coordenador de campanhas presidenciais de Lula e integrante do núcleo duro do poder petista por pelo menos 20 anos, que se foi depois de 12 anos lutando contra um câncer abdominal.
Mas um pouco, também, pelo estado de espírito atual de José Dirceu. Na próxima quarta-feira, os ministros do STF decidem se aceitam ou não a análise de embargos infringentes, recursos que poderão levar à alterações da pena que recebeu no julgamento do mensalão.
O placar tende a ser favorável aos recursos. Se confirmado o prognóstico, na prática, dois novos ministros, recém indicados pela presidente Dilma, revisarão decisões de outros dois que acabaram de se aposentar.