O jornalista e escritor Fernando Morais avaliou que o Brasil vive um golpe de estado como nunca tinha visto na sua história e que trará um prejuízo infinitamente maior para o país do que o provocado pela ditadura, porque segundo ele, é um golpe como objetivo de entregar o Brasil para o capital internacional.
“O golpe vai ser devastador, mas o senhor Michel Temer vai comer o pão que o diabo amassou. Ou ele vai apertar a garganta do povo e com isso vai tocar fogo no Brasil ou, se não fizer isso, não dura uma semana, porque os mesmos que estão derrubando Dilma o derrubarão também. Da minha parte, assumo o compromisso de me dedicar em tempo integral a infernizar a vida dessa gente. Que Minas Gerais se junte a nós, não por nós, que já estamos velhos, mas por nossos filhos e netos”, disse ele, na sexta-feira (29), em palestra de abertura do 14º Congresso dos Jornalistas de Minas Gerais.
De acordo com o o jornalista, o adeus ao Mercosul, à Unasul e ao BRICS compõe o programa que se completará com o corte de direitos sociais e trabalhistas. “O destino do Brasil está sendo decidido pelos mesmos que levaram Getúlio Vargas ao suicídio, que tentaram impedir a posse de JK e de Jango e que deram o golpe de 64”, assinalou o autor de biografias como “Olga” e “Chatô, o rei do Brasil”, que retratam importantes períodos históricos nacionais.
O escritor afirmou que, à frente do golpe, estão as poucas famílias que controlam os principais veículos de comunicação no País. “A família Marinho é inimiga do Brasil”, disse.
Morais afirmou que a esquerda precisa fazer uma autocrítica, pois, segundo ele, nos últimos 13 anos os governos do PT nada fizeram para impedir a ação golpista da mídia, ao contrário, os alimentaram fartamente com verbas publicitárias. “O corvo que está comendo os nossos olhos hoje foi alimentado com dinheiro público”, denunciou.
Ele disse que uma iniciativa do ex-ministro Franklin Martins de implantar um novo modelo de distribuição técnica de verbas publicitárias, durante o segundo governo Lula provocou o pânico da família Marinho. Os recursos antes distribuídos entre 400 emissoras de rádio, por exemplo, foram pulverizados entre mais de 4.000. “A família Marinho perdeu R$ 120 milhões por ano”, disse.
“Eu preferia estar aqui para falar de uma revolução da qual estamos sendo testemunhas, que é a revolução digital, e o que ela tem a ver com o jornalismo, tema que se entrelaça com este outro. Infelizmente, temos também o triste privilégio de testemunhar um golpe de estado e não é possível hoje falar sobre seja o que for sem falar sobre o golpe em curso no Brasil”, acrescentou ele, dando o tom do debate com a plateia, que reuniu jornalistas, estudantes de Jornalismo e convidados.
Leia mais aqui no site do Sindicato dos Jornalistas de Minas.
Fonte: Brasil 247