Jornal ganha prêmio nacional de fotografia

O repórter fotográfico do JORNAL DA PARAÍBA Francisco França foi o grande vencedor da categoria ‘foto’ da 34ª edição do prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, considerado o mais importante do jornalismo brasileiro. A iniciativa é promovida, entre outras instituições, pelo Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

Com a fotografia ‘O amor é o dom maior! Ame’, o fotógrafo revelou o paradoxo do mundo atual em uma imagem do cotidiano. A cena captada pelas lentes do fotógrafo França mostra em primeiro plano os pés de uma mulher que está morta e escondida por vários lençóis e jogada dentro de um carrinho de mão, tendo ao lado uma mensagem escrita em um portão de ferro que apela para o amor. A frase emotiva em contraste com a brutal cena de violência urbana foi captada no dia 23 de fevereiro deste ano em João Pessoa e foi parar na capa do jornal no dia seguinte. A mulher que foi assassinada com golpes de faca era moradora de rua e a 16ª vítima de homicídio em 2012 na capital paraibana.

Francisco França lembrou que todos os fotógrafos e os cinegrafistas de veículos de comunicação de João Pessoa estiveram no local do crime, mas nenhum outro profissional captou imagem semelhante à que venceu o prêmio. “De imediato vi a cena e a frase, me agachei, enquadrei o corpo e a mensagem e fiz a foto. Ainda cheguei a comentar com um cinegrafista que havia uma mensagem na parede, mas ninguém fez o registro”, relatou, sobre o momento de realização da foto.

“O contraste da cena de violência está na mensagem escrita no portão, um pedido de amor”, explicou França. O impacto da mensagem encontrou ressonância também na editora geral do JP, Angélica Lúcio. “A sensibilidade da editora geral abrindo espaço para a fotografia ser publicada na capa do jornal e em espaço de destaque também valorizou a imagem”, ressaltou França.

A solenidade de premiação do Vladimir Herzog acontecerá no próximo dia 23, às 19h30, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA). A edição 2012 do Prêmio recebeu inscrição de 545 trabalhos de todo o país, volume recorde de participantes em toda a história da premiação.

Os vencedores e as menções honrosas foram divulgados ontem em evento realizado na Praça Divina Providência, em São Paulo.
Dividido em nove categorias, o prêmio contempla matérias de veículos impressos, rádio, televisão e internet com temas relacionados aos direitos humanos. Segundo a curadora da premiação, Ana Luisa Zaniboni, em 2012 tiveram destaque as reportagens sobre os povos indígenas

Um dos membros do júri, Guto Camargo, do Sindicato dos Jornalistas, lembrou que, quando o prêmio foi criado, 2 anos após a morte de Vladimir Herzog, a ideia era dar mais visibilidade a denúncias de abusos do regime.