Três em cada dez mulheres que moram no Nordeste sofreram ao menos um episódio de violência doméstica ao longo vida, de acordo com dados que serão divulgados nesta sexta-feira (9/12), pela Universidade Federal do Ceará (UFC). A pesquisa aplicou questionários em 10 mil mulheres para conhecer a realidade da violência na região e detectou ainda que capitais como Salvador, Natal e Fortaleza apresentaram maiores índices de casos.
Em parceria com o Instituto Maria da Penha, e financiado pela Secretaria de Políticas para Mulheres, do governo federal, a pesquisa mostrou que 27% das mulheres entre 15 e 49 anos sofreram algum episódio de violência emocional – como insultos, humilhações ou ameaças – 17,2% sofreram fisicamente e 7,13%, sexualmente, algo considerado “no mínimo, alarmante”. Se considerado os últimos 12 meses, as porcentagens são 11,92%, 5,38% e 2,42%.
“São dados de uma violência escabrosa que nunca tinham vindo à tona dessa forma. Aplicamos um questionário metodologicamente rigoroso, indo aos domicílios. Os números mostram uma realidade chocante que, mesmo diante da gravidade, ainda não recebe a atenção devida”, disse o coordenador da pesquisa, o professor da UFC José Raimundo Carvalho. Ele pretende estender a pesquisa, levando-a a outras regiões do País.
Companheiros
O estudo mostrou que “a face mais marcante da desigualdade de gênero se reflete na experiência cotidiana da violência interpessoal doméstica” e “quase sempre é perpetrada por cônjuge, ex-cônjuge, companheiro, ex-companheiro ou namorado”.
A avaliação conseguiu fazer uma análise separada por capital e apontou que Natal tem a maior recorrência de casos de violência emocional (34,82%), enquanto Salvador está à frente na lista de relatos de violência física (19,76%) e João Pessoa (8,8%), na sexual.
A secretária nacional de políticas para as mulheres, Fátima Pelaes, disse que a pesquisa mostra informações importantes para quebrar o “ciclo de violência”. “Um dos dados mostra quantas dessas mulheres testemunharam as mães sofrendo agressões: uma em cada cinco. Isso aponta a transmissão da violência entre gerações e o quanto o inconsciente coletivo ainda considera isso normal”, disse.
Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Jornal da Paraíba