Aqui no Brasil, quando um político é acusado de corrupção, a verdade é que — convenhamos — não acontece muita coisa. Quase sempre o cidadão em questão dá um jeitinho de se safar e é capaz até que ele ria da cara do povo. Pois, de acordo com Choi Chi-yuk, do portal South China Morning Post, na China as coisas são um pouquinho diferentes.
Por lá também existem acusações de corrupção e investigações oficiais. Inclusive existe o “jeitinho Xing Ling” de lidar com a situação e, acredite, seria bem curioso ver o que aconteceria se a prática fosse adotada aqui no nosso país. Isso porque, segundo Chi-yuk, se o resultado dos processos resulta na confirmação do envolvimento de um político em alguma tramoia, sua vida e a de sua família são — basicamente — destruídas.
Comissão de investigação
De acordo com Chi-yuk, existe uma brecha na lei — por assim dizer —, e ela se refere ao fato de os processos serem suspensos e arquivados se os suspeitos virem a falecer. Assim, entre os anos de 2003 e 2012, 68 oficiais do governo morreram durante as investigações de seus casos, e só durante os dois primeiros anos da administração do Presidente Xi Jinping, 77 indivíduos cometeram suicídio.
Só no final de semana passado, foram registrados dois suicídios de figuras políticas: o de um homem que foi encontrado em casa enforcado e o de uma mulher que se jogou de uma ponte. Conforme explicou Chi-yuk, as mortes acontecem antes de os investigados serem interrogados, e o problema é que o processo é conduzido pela Comissão Central para a Inspeção de Disciplina do Partido Comunista — e as regras de conduta não são lá muito claras.
Alternativa extrema
Segundo Chi-yuk, o grande aumento no número de suicídios entre políticos está associado à forte campanha anticorrupção proposta pelo atual presidente chinês e que tem como foco o governo, as Forças Armadas e a chefia das indústrias estatais do país. Assim, quando surge algum suspeito, os inspetores do Partido entram em cena e o interrogam por meio de um processo chamado shuanggui.
Durante o shuanggui, os suspeitos são mantidos presos até serem entregues aos procuradores — que, por sua vez, trabalham em conjunto com os investigadores criminais para produzir as evidências necessárias sobre o envolvimento dos indiciados. O sistema é considerado um mecanismo interno de disciplina e normalmente é operado sem que qualquer detalhe do caso seja divulgado, o que dificulta (quando não impossibilita) a defesa dos investigados.
Então, o que acontece é que, no caso dos oficiais que realmente cometeram alguma indiscrição e acumularam fortunas por conta do recebimento de propinas, como eles sabem que mais cedo ou mais tarde acabarão sendo pegos, preferem se matar para preservar suas famílias e deixá-las “bem”. Agora, já pensou no que aconteceria se essa moda pegasse por aqui?
Créditos: MEGACURIOSO