Inveja dos potiguaras

Rubens Nóbrega

“Não é só a grama do vizinho ao sul que está mais verde que a nossa”, garantiu-me ontem o Professor Menezes, ao me entregar cópia do Caderno de Economia do jornal Tribuna do Norte, de Natal, edição de 4 de abril último, no qual se destaca a seguinte manchete: “Porto de Natal terá obra de ampliação este ano”.

No antetítulo sob a retranca ‘Infraestrutura’, o jornal revela que o investimento, de R$ 108 milhões, vai facilitar a movimentação de containers e de cargas no terminal. E, citando o ministro dos Portos, Leônidas Cristino, informa que o projeto só espera as licenças ambientais.

“Pelo visto, caro pupilo, nossa inveja não deve limitar-se a Pernambuco. O Rio Grande do Norte também acentua na gente esse complexo de inferioridade, porque lá os seus dirigentes e representantes têm atraído investimentos estruturantes que faltam à Paraíba, investimentos que poderíamos atrair, mas nada conseguimos em razão da nossa fraqueza política reforçada pela incompetência de gestão no Estado. Desse jeito, não demora e seremos ultrapassados por Alagoas”, vaticinou o Mestre.

Antes que eu perguntasse a que investimentos no Rio Grande do Norte ele estava se referindo, mencionou o novo complexo aeroportuário da Grande Natal, obra de mais de R$ 800 milhões (apenas na fase inicial) localizado em São Gonçalo do Amarante, com capacidade inicial de 5 milhões de passageiros e 500 mil toneladas de carga por ano.

“Além disso, Rubens, eles estão construindo o Estádio Arena das Dunas para a Copa de 2014, obra que já emprega mais de mil pessoas, quantidade de empregos que deve dobrar nos próximos dois anos. Como se fosse pouco, recentemente aquele Estado contratou a empresa de engenharia que irá erguer o novo Terminal Marítimo de Passageiros”, acrescentou.

O Professor Menezes parece que andou mesmo pesquisando sobre o assunto. Tanto que me falou de uma entrevista do presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales, publicada recentemente na mesma Tribuna do Norte, que lhe chamou a atenção por um aspecto bem singular.

“Pra você ter uma ideia do quanto o vizinho do norte está crescendo e diversificando a sua economia, o Doutor Amaro falou que a Fiern filiou agora há pouco uma associação de boneleiros – fabricantes de bonés – formada por 25 indústrias de pequeno porte que estão empregando diretamente mais de 2 mil pessoas”, frisou.

Segundo o Professor, outros setores da economia norte-riograndense estão crescendo também, a exemplo da energia eólica, fruticultura, sal, petróleo e gás, confecção, indústria de mármore, de alimentos e de móveis. E tudo isso agregado à já conhecida pujança do turismo potiguar, que deverá ser enormemente incrementado antes, durante e depois da Copa.

Por essas e outras, ainda citando Amaro Sales, o Professor Menezes informa que o Banco do Nordeste disponibilizou este ano cerca de R$ 1 bilhão para as empresas do Rio Grande do Norte, “dinheiro que só vem porque há procura, como bem salientou o presidente da Federação das Indústrias de lá”.

“Enfim, Rubens, temos algo mais em que reparar, além da Fiat em Goiana ou a Refinaria da Petrobras e o Estaleiro Atlântico Sul no Porto de Suape”, completou o guru, salientando ainda que na refinaria pernambucana estão sendo investidos R$ 2,5 bilhões que resultarão em aumento da produção de petróleo no Nordeste e em mais 1.500 mil empregos diretos e 130 mil indiretos somente no município de Ipojuca.

“E o estaleiro, Professor, o que me diz dele?”, perguntei. Como se tivesse decorado tudo isso e muito mais, afirmou, sem gaguejar uma sílaba, que o Estaleiro de Suape, destinado à construção de navios petroleiros, representa um investimento de R$ 1,4 bilhão, 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos.
 

Enquanto isso, na Paraíba…

O jornalista Thiago Morais, repórter do programa Polêmica Paraíba (Paraíba FM), revelou ontem que a Prefeitura da Capital pagou mais de R$ 421,4 mil pelo aluguel de 16 tendas de seis por seis metros, supostamente utilizadas durante dez meses nos mercados públicos de Mangabeira e Cruz das Armas.
Thiago pediu um orçamento para o aluguel do mesmo número de tendas, pelo mesmo período, e recebeu da mesma empresa que alugou à Prefeitura um orçamento de R$ 56 mil, ou seja, R$ R$ 357,4 mil menos do que a Viúva gastou. O arguto repórter do Polêmica cuidou também de pegar orçamento em outra empresa do ramo e o valor do aluguel para os mesmos itens e prazo ficou ainda menor.
Nessa mesma segunda-feira, o portal Wscom trouxe a público outra nebulosa história envolvendo o famoso Pietro Harley, aquele que teria recebido mais de R$ 7 milhões por vender livros à PMJP em período eleitoral, dinheiro esse que teria transitado pela campanha de Ricardo Coutinho ao Governo do Estado em 2010.
Dessa vez, um cidadão chamado Sulpino Colaço Neto se diz encalacrado na Receita Federal supostamente por não ter declarado nos conformes seus rendimentos como sócio de Pietro em uma empresa que venderia milhões de reais em material didático e de escritório a entes públicos. Apesar disso, Sulpino recebeu apenas 20 reais por sua participação na ‘sociedade’ da qual teria sido excluído por Pietro que, por sua vez, teria utilizado uma procuração falsificada para tanto. Pense!
Pois é, amigos e amigas, notícias assim vão se tornando recorrentes na Paraíba atual. Surpreendendo cada vez menos, é verdade, mas envergonhando cada vez mais a todos os paraibanos de bem.