Índio quer apito

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Marcos Tavares

Algumas coisas só acontecem nesse maravilhoso país descoberto por Cabral. Pela enésima vez, grupo de índios – índios de calças jeans – invade o canteiro de obras da usina Belo Monte e paralisa todo o serviço.

Armados de arco e bordunas, mas montados em camionetas do último modelo e os inefáveis óculos Ray-Ban, esses aborígenes se especializaram em tumultuar as obras do país, notadamente aquelas que, por infelicidade, passam ao menos perto de suas terras.

Poucos países no mundo zelaram tanto pela sua população indígena como o Brasil nos últimos tempos. Eles possuem terras de extensão exagerada, são tutelados pelo Estado, o que significa cesta básica,assistência médica e principalmente o sagrado direito de badernar, de paralisar por diversas vezes uma obra que é vital para a economia brasileira sedenta de energia elétrica para mover seu progresso.

Diante dessa baderna, vem-me à mente a atitude do governo chinês na construção da barragem das Três Gargantas. Descoberto um importante sítio arqueológico, Pequim deu quinze dias aos arqueólogos e depois passou por cima o trator. Por isso a China cresce mais a cada ano, por não sacrificar o futuro em memória do passado. Aqui, ao contrário. Dois ou três índios monitorados pela inconsequência ecológica param as obras de uma usina e dançam galhofando da nossa falta de autoridade.

Difícil

Não é fácil a vida do senador Cássio Cunha Lima funcionando politicamente como uma esponja entre a irritabilidade do governador Ricardo Coutinho e os ressentimentos do também senador Cícero Lucena.

Cássio conseguiu arrancar quase a fórceps uma declaração tímida de Cícero em que ele – pela primeira vez – admite a composição com Ricardo. Aí vem Ricardo e diz que não tem tempo para isso e não tomou conhecimento do fato.

Ou seja. O aceno de Cícero, para vingar tem de ter uma resposta do outro lado e mais abalizada que a fala de Rosas, ou então volta tudo à estaca zero.

Santo forte

Todo mundo quer pagar os salários antes do São João, que é santo forte. Com isso, os barnabés podem usufruir do milho e da canjica sem precisar entrar no cheque especial.

É incrível como aparece dinheiro quando a vontade política dobra a matemática e prova que nem sempre dois mais dois são quatro.

Nesse clima de São João misturado com Copa das Confederações, o povo pensa menos. O que é muito proveitoso.

Novamente

Todas as fontes de previsão climática indicam um inverno com chuvas abaixo da média.
Isso significa outro ano de seca e sofrimento para o Nordeste. Só que dessa vez com estádios novos.

Selado

Analistas políticos consideram que a nomeação de Franklin Araújo para dirigir a PBGás foi um sinal evidente de que Cássio e Ricardo seguem afinados.

E vão tocar juntos na próxima eleição.

Cerimônia

Essa eu não entendi. Vi nos jornais que o prefeito Cartaxo iria entregar 30 novos ônibus na capital.

Os ônibus são de empresas particulares, comprados com dinheiro privado. Onde entra a prefeitura nessa festa? Vai entregar o que é dos outros?

Segurança

Nos tempos da ditadura, a polícia conseguiu evitar assaltos a bandos feitos por terroristas e acabou a festa.

Hoje, a mesma polícia mostra-se incompetente para deter essa onda de roubos.

Diáfano

Às vezes legislamos no vazio. Como exigir de prefeituras situadas em cidades que nem possuem internet, disponibilizar documentos ao público?

Desconfio que essa norma de transparência vai virar mais uma quimera guardada nas gavetas.

Delírio

Já tentam empinar o nome do ministro Joaquim Barbosa para a Presidência.

Esse país é tão carente de seriedade que quando aparece alguém mais íntegro é logo divinizado.

Frases…

Vendeta – Às vezes o perdão é a maior vingança.

Artístico – Não se envergonhe se não entender o quadro. Ele não é pra entender. É para ver.

Felina – A noite é dos bêbados e dos gatos.