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Paulo Santos

Os políticos brasileiros em geral só reconhecem que existem incêndios destruindo seus partidos quando começam a ser chamuscados. É natural que assim procedam devido aos ditames legais que tentam colocar um pouco de ordem na bagunça em que este país foi transformado pelo cipoal de leis.

Ao sentir o calor das chamas se aproximando, o político tem a mais humana das reações: procura fugir, se bandear para outro local sem correr riscos, mesmo que a fuga o leve a trocar seis por meia dúzia porque em todos os condomínios partidários há interesses visíveis e outros invisíveis.

Há um gigantesco incêndio transformando em cinzas os sonhos de vários deputados estaduais que, imobilizados pelas camisas de força dos partidos pelos quais foram eleitos, arriscaram-se numa empreitada que, antes da história de 2014 começar a ser escrita, já se revelou um “tiro no pé”.

Esse partido é o PEN e seu “exército bracaleone” de 10 parlamentares que deixaram outras agremiações em busca de conforto e tranquilidade e agora se veem ás voltar com chuvas e trovoadas (não necessariamente nesta ordem) chamuscados pelo fogaréu do confronto entre governistas e oposicionistas.

O bi-presidente Ricardo Marcelo (que ocupa as principais cadeiras da Assembleia e do PEN) admite reconhecer que há um princípio de incêndio na sigla ecológica da Paraíba e dispara: quem quiser sair, saia. Mas não é tão simples assim, seja para quem sai ou para quem fica.

É preciso reconhecer, inicialmente, que houve erro coletivo de avaliação para que tantos sufocados procurassem oxigenação no PEN ao mesmo tempo. Passado o frisson, a empolgação, o partido emergiu literalmente partido entre um contingente de oposição e o outro que não resiste aos galanteios do poder governamental.

O problema é que os oposicionistas do PEN – Aníbal Marcolino e Janduhy Carneiro à frente – execram a ideia de ceder espaços aos colegas governistas – Edmilson Soares e Branco Mendes na dianteira – e sequer cogitam de criar fronteiras que delimitem os territórios de convivência.

Gostariam de enfrentar a crueldade da reeleição num patamar de igualdade, mas isso é impossível: quem tem governo sempre tem mais. Com o gigantesco acesso do eleitor ás informações, sobretudo nas cidades de grande e médio portes, o discernimento é feito pelo desempenho, mas nas pequenas localidades o assistencialismo dá as ordens.

As avaliações são cada vez mais prementes em face dos prazos. Não há luta partidária que dure eternamente. A Paraíba tem exemplos históricos e recentes. Foi assim no PMDB. Está sendo assim no PDT. O que acontecerá com o PEN tem prazo: primeira semana de outubro.