Outro dia fascinou-me verdadeiramente um documentário na tevê que mostra algumas idéias, projetos e inventos revolucionários para o futuro da humanidade, todos com o propósito de melhorar a qualidade de vida das pessoas em sua aventura terrena.
O que mais me chamou a atenção foi um aparelho chamado Fingerprinting brain (algo como ‘impressão digital cerebral’), inventado por um inglês (ou norte-americano) que atende pelo nome de Lawrence Farwell. O troço é capaz de arrancar de uma mente criminosa os mais íntimos detalhes de um crime cometido, mesmo que o autor negue o mais convincentemente possível a autoria.Usando texto traduzido do inglês para o português que peguei na Wiki, o trem funcionaria como descrito a partir deste ponto.
A pessoa a ser testada usa uma faixa especial com sensores eletrônicos que medem o eletro de vários locais no couro cabeludo. As visualizações de estímulo são constituídas por palavras, frases ou imagens apresentadas na tela do computador.
Com o fingerprinting são captadas respostas cognitivas do cérebro que não dependem das emoções do sujeito nem são afetadas por respostas emocionais. Aí reside a principal diferença do polígrafo (detector de mentiras), que mede a emoção baseada em sinais fisiológicos como o batimento cardíaco, suor e pressão arterial.
Além disso, ao contrário do teste do polígrafo, o fingerprinting não tenta determinar se o sujeito está mentindo ou dizendo a verdade. Em vez disso, são medidas as respostas do cérebro que refletem informações importantes armazenadas no juízo do criminoso.
Ao comparar as respostas para diferentes tipos de estímulo, o sistema de impressões digitais cerebrais matematicamente calcula as informações presentes (o sujeito sabe) e informações ausentes (o sujeito não sabe) e a partir daí encontra uma confiança estatística.
Entrega sem falar
Pois é, pelo que entendi, tem uma vantagem sensacional o fingerprinting: depois de conectada ao aparelho, através de suas ondas cerebrais captadas através de encefalograma, o(a) interrogado(a) é capaz de, com suas reações, entregar o ouro sem dar um pio. Literalmente.
O cara que for submetido à maquina do Doutor Farwell não precisa falar coisa alguma. Ele se pronunciará por meio de reações de sua mente às imagens, palavras e frases que lhe forem mostradas no monitor colocado à sua frente.
Ainda falando tecnicamente, tudo se baseia na aplicação de um sinal elétrico conhecido como P300 (não confundir com PEC 300, por favor), que será detectado como resposta a estímulos relacionados com o crime ou à situação investigada. Como o sistema usa sinais de EEG, não requer respostas verbais aos estímulos.
Pra vocês terem uma idéia, em 1999 a Justiça norte-americana livrou da cadeira elétrica um inocente que fora preso como serial killer. O verdadeiro assassino, Grinder B. James, caiu na malha fina do fingerprinting e quem estava para morrer no lugar dele, Terry Harrington, foi solto.
Pois bem, Grinder foi conectado ao aparelho e quando viu fotografias do local do crime e da vítima teria emitido ondas cerebrais que denunciaram sua culpa. Mas não pensem que foi fácil para a Justiça aceitar.
Advogados dos dois lados, além da promotoria, travaram uma guerra danada em torno da validade ou não do extraordinário interrogatório. Mas, no final, dizem que o criminoso confessou quando confrontados os resultados de sua inquirição e os resultados obtidos pela máquina quando ela ‘interrogou’ Terry.
Mas, atenção. Assim como todos os depoimentos das testemunhas depende da memória da testemunha, impressões digitais cerebrais dependem da memória do sujeito. “Fingerprinting pode fornecer evidências científicas a respeito da informação armazenada no cérebro de um sujeito. Não é possível determinar quais informações devem ser, poderiam ser ou seriam armazenadas no cérebro de um sujeito inocente ou culpado. O aparelho só mede o que realmente é armazenado no cérebro. Como essa evidência é interpretada, e conclusões são tiradas com base nela, está fora do reino da ciência e do cientista. Isto é com o juiz ou o júri. Cabe ao Ministério Público ou advogado de defesa argumentar, e o juiz eou júri decidir, sobre o significado e o peso da evidência fingerprinting para determinar se alguém cometeu ou não o crime”, diz o texto sobre a invenção de Farwell.
De qualquer forma, vejam mais essa. Em um estudo com o FBI, Farwell e o cientista Drew Richardson, ex-chefe da unidade antiterrorista da Polícia Federal norte-americana, fez um teste com um grupo de 17 agentes do FBI e 4 não agentes. Todos foram expostos a estímulos (palavras, frases e acrônimos), que eram mostradas em uma tela de computador.
Os estímulos continham informações que poderiam ser do conhecimento comum apenas para alguém com treinamento do FBI. Findo o teste, viu-se que o Fingerprinting corretamente distinguiu os agentes dos não agentes.
Outras serventias
Mas nem só de crimes viveria o fingerprinting. O invento seria valioso ainda na detecção precoce da doença de Alzheimer e outras doenças cognitivamente degenerantes. E tem uma outra aplicação interessante. Dessa o jornalista Nonato Bandeira iria gostar: o fingerprinting também pode avaliar a eficácia da publicidade medindo respostas do cérebro.
Não é fantástico? Ah o que eu não daria para termos no Brasil e na Paraíba, em particular, uma máquina poderosa como essa. Já pensou o quanto nos seria útil no combate à corrupção, na identificação e prisão dos corruptos?
Imaginem só a cena. A gente pega determinada figura e, depois de lhe amarrar fios na cabeça, começa a passar certas imagens no monitor do Brain Fingerprinting.
Pode ser um caminhão de lixo, alunos de uma escola pública na hora da merenda, jovens utilizando computadores comprados com notório e notável sobrepreço pelo poder público…
Pode ser também a fotografia de um terreno alagado ou de outro pelado de qualquer vegetação, recém derrubada para dar lugar a um loteamento. Pode ser ainda a maquete de um viaduto ou a fachada de um shopping Center.
Já pensou a perturbação do sujeito diante dessas imagens?