ESCRAVIDÃO

Idosos são presos acusados de manter empregada como escrava por 15 anos

Idosos são presos acusados de manter empregada como escrava por 15 anos

A vítima era agredida e proibida de sair de casa ou receber visitas; casal foi preso na cidade de Ipiranga (PR) e poderá ficar até oito anos na cadeia

A polícia do Paraná prendeu na última quinta-feira (6/4) um casal acusado de escravizar a empregada doméstica por 15 anos. Os suspeitos, de 55 e 60 anos, respectivamente, foram presos em casa, no município de Ipiranga, a 175 km da capital Curitiba.

Depois de receber uma denúncia anônima — que dizia haver algo estranho acontecendo na residência do casal —, os investigadores foram ao local, onde encontraram a vítima, de 35 anos, realizando trabalhos domésticos. Levada para a delegacia, a mulher contou ter sido contratada como empregada em 2000. Segundo ela, nos dois primeiros anos, o trabalho foi realizado e remunerado conforme combinado, tendo, inclusive, carteira assinada.

Em 2003, no entanto, a funcionária deixou de ser paga e passou a ser agredida pelos patrões. A mulher, também, foi proibida de sair de casa e de receber visitas. “A vítima possui diversas cicatrizes pelo corpo devido a essas agressões. Em interrogatório, ela disse que o casal chegou a agredi-la com facas e cabo de vassoura”, afirma o delegado Guilherme Luiz Dias, responsável pelo caso.

Ainda de acordo com o titular da Delegacia de Ipiranga, a vítima era obrigada a trabalhar o dia inteiro e não tinha descanso aos fins de semana. “Como se não bastasse, essa mulher dormia em um sofá que comporta duas pessoas sentadas em um quarto que funcionava como depósito. Suas poucas peças de roupas eram guardadas em um armário de louças”, conta.

A vítima foi submetida a exames de corpo e delito e liberada para encontrar seus familiares. O casal — que alegou que a mulher era moradora da casa e apenas ajudava nos serviços domésticos — responderá pelos crimes de redução à condição análoga a escravo e lesão corporal no ambiente doméstico. Se condenados, eles podem pegar até oito anos de prisão.

Fonte: Correio Braziliense