
O senador Humberto Costa (PE), atual presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, revelou que o PT está se preparando para ser pragmático na eleição para o Senado em 2026 em diferentes Estados e regiões do país, abrindo-se a alianças com legendas de vários espectros políticos, incluindo o segmento de centro-direita. A estratégia objetiva reagir à tática anunciada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que deu prioridade à corrida pelo Senado e planeja eleger pelo menos trinta senadores entre as 54 vagas que serão abertas (duas por Estado). Na Paraíba, o Novo, que é aliado do PL, lançará a candidatura do procurador e pastor Sérgio Queiroz em dobradinha com o ex-ministro Marcelo Queiroga, que disputará o governo. O esquema bolsonarista examina aliança com o esquema Cunha Lima (PSD) para se definir pelo apoio a uma segunda candidatura a senador.
Enquanto isso, uma expressiva corrente do PT paraibano inclina-se por apoiar a candidatura do governador João Azevêdo (PSB) ao Senado, deixando em aberto a opção pela segunda vaga, que é pleiteada no esquema de João pela senadora Daniella Ribeiro (PP), em caráter de reeleição. De acordo com reportagem do UOL, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi consultado sobre os planos do PT e teria dado o “placet” à estratégia a ser arquitetada, o que não o impede de, lá na frente, interferir quanto ao encaminhamento de algumas soluções ou alianças que vierem a ser firmadas nos Estados. O que está definido, nas palavras do senador Humberto Costa, é que o Partido dos Trabalhadores vai ser realista para evitar o domínio da direita. Entre as consequências que preocupam está a cassação de ministros do Supremo Tribunal Federal, a começar por Alexandre de Moraes, a quem os bolsonaristas chamam de “ditador de toga”. Mas há outros desdobramentos que o PT deseja impedir dentro da estratégia em gestação.
Conforme Humberto Costa, indicações para agências reguladoras e aprovação de funcionários do corpo diplomático podem ser comprometidas na hipótese de hegemonia bolsonarista no Congresso, especialmente no Senado. De olho nessa realidade, o PT entrou na preparação para a eleição senatorial – e o chamado Grupo de Trabalho Eleitoral, que Humberto Costa presidiu nas eleições municipais de 2024, já está em funcionamento, apesar de historicamente ser aberto apenas no ano da campanha propriamente dita. O que está decidido? Haverá lançamento de candidatos do PT onde existirem chances concretas de vitória. As alianças serão buscadas nos Estados onde não surgirem nomes competitivos. “O partido está aberto para acordos com esquerda, centro-esquerda, centro e até centro-direita”, expressou Humberto Costa. E acrescentou: “Onde houver viabilidade, o PT terá candidato. Onde não houver, vamos trabalhar com a busca por alianças”.
O dirigente nacional petista não cravou uma meta de senadores a serem eleitos, sinalizando que o número será definido a partir de um estudo em curso a respeito das chances em cada Estado. A previsão é concluir o levantamento neste mês e já há informações de que a região Sul será a mais complicada. Humberto Costa disse acreditar que no Paraná não existirá viabilidade para uma candidatura petista mas que há esperança no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. No reverso da medalha, o Nordeste é considerado como “situação mais confortável”. Ainda que o presidente Lula tenha perdido parte da popularidade na região, o PT tem obtido vitórias nos últimos anos. O senador Humberto Costa espera que Lula recupere a popularidade até a eleição, o que impulsionaria o partido a eleger mais senadores. O discurso a ser usado na campanha vai depender da projeção se confirmar, mas o dirigente petista adianta que a pauta econômica e social de Lula será definida nos discursos de postulantes ao Senado.
Na Paraíba, em tese, dois postulantes são identificados com o presidente Lula e seu governo – e fazem o combate, às claras, do bolsonarismo: o governador João Azevêdo (PSB) e o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), este candidato à reeleição. Como os dois estão rompidos politicamente no cenário local, a possibilidade de apoio oficial de Lula e do PT a ambos está sendo exaustivamente debatida. Mas mesmo que não haja manifestação oficial conjunta pelos dois, nada impede que Azevêdo e Veneziano defendam o governo Lula nos palanques. Um dado importante é que a preparação petista chega atrasada em relação ao bolsonarismo. O PL trabalha pela construção de candidaturas desde 2023, havendo nomes praticamente certos em vários Estados. Humberto Costa não vê atraso e diz que a instalação do GTE foi antecipada em um ano justamente como reação à estratégia do PL.