em discurso neste sábado

'HOMICÍDIO DAS CRIANÇAS': Papa Francisco compara liberação do aborto a 'nazismo com luvas brancas'

Pontífice reage à aprovação de projeto que legaliza a prática pela Câmara argentina

 

Para o Papa Francisco, aborto, em alguns casos, é o “nazismo com luvas brancas”. Dois dias depois da aprovação do projeto de lei de interrupção voluntária da gravidez pela Câmara dos Deputados, o Pontífice reagiu à derrota que sofreu em seu país de origem com declarações fortes. Na quinta-feira passada, a proposta de legalização do aborto foi aprovada pela Câmara dos Deputados argentina em uma votação apertada com 129 votos a favor e 125 contra. O projeto precisa ainda passar pelo Senado.

Em discurso feito neste sábado, o Pontífice comparou o aborto “ao mesmo que faziam os nazistas para cuidar da raça, mas com luvas brancas de ferro”.

“No século passado, o mundo todo se escandalizou com o que faziam os nazistas para cuidar da pureza da raça. Hoje fazemos o mesmo, mas com luvas brancas de ferro”, disse o Papa no Vaticano, em um discurso improvisado em frente ao Forum Família, segundo informações do site Infobae.

“Está na moda, é habitual. Quando na gravidez, se a criança não está bem ou vem com alguma coisa, a primeira oferta é: ‘Tiramos’? O homicídio das crianças. Para se ter uma vida tranquila, tira-se a vida de um inocente”, argumentou o Papa, por ocasião do 25º aniversário da instituição que reúne as associações familiares italianas.

Voto a voto

Depois da histórica aprovação na Câmara dos Deputados, o projeto de legalização do aborto na Argentina se encaminha para um debate no Senado ainda sem data definida e com final incerto.

O respaldo que o projeto obteve na Câmara e a mobilização que despertou na sociedade permitem vislumbrar a aprovação, apesar de o Senado ser uma instância tradicionalmente mais conservadora. Mas tal como aconteceu com o colegiado de deputados, serão os indecisos que definirão a discussão que dividiu os partidos.

No país do Papa Franscisco, a Igreja Católica tentou exercer toda sua influência — sem resultados — sobre os deputados. E fará o mesmo no Senado.

O texto estabelece a prática gratuita para todos os centros de saúde do país até as 14 semanas de gestação. Depois da 15ª semana, fica habilitado o aborto para casos de estupro, impossibilidade de vida extrauterina e risco de saúde para a mulher.

Para que a lei seja aprovada, são necessários os votos da maioria dos presentes. Como representantes dos governos provinciais, os senadores carregam a marca das idiossincrasias de suas localidades. O norte da Argentina é tradicionalmente mais conservador e católico (religião majoritária no país). Já os senadores de Salta, Tucumán, Jujuy e Catamarca adiantaram que votarão contra.

Fonte: O Globo
Créditos: O Globo