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Hervázio Bezerra pode deixar PSDB e entrar no MD

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Nonato Guedes

O dilema do deputado estadual Hervázio Bezerra, que é líder do governo socialista de Ricardo Coutinho e está filiado ao PSDB, que não é aliado incondicional de RC, pode estar com as horas contadas. O parlamentar examina a possibilidade de migrar para a Mobilização Democrática – MD, agrupamento que surgiu da fusão entre PPS e PMN e busca se viabilizar como partido político para concorrer às eleições de 2014. Em conversa com jornalistas, ao reconhecer que examina a hipótese, Hervázio evitou assumir a versão de que esteja se sentindo pressionado dentro do ninho tucano, todavia, salientou que deseja tranqüilidade quanto a posições políticas que pretenda encampar. Provavelmente na próxima semana, o parlamentar dê passos concretos para uma definição.

Ex-aliado do senador Cícero Lucena, Hervázio estava na suplência na Assembléia quando foi convidado pelo governador Ricardo Coutinho a assumir a titularidade e mais: ser o próprio líder governista na Casa de Epitácio Pessoa. Isto ocorreu quando Cícero ainda estava na presidência do diretório regional do PSDB, atualmente ocupada pelo deputado federal Ruy Carneiro. A eventualidade de sanções contra o parlamentar foi bloqueada pelo fato de que, nas eleições de 2010, o PSDB fez uma composição formal em apoio à candidatura de Ricardo Coutinho, por instâncias do senador Cássio Cunha Lima, que argumentava tratar-se da melhor estratégia para derrotar o ex-governador José Maranhão. O cálculo de Cássio revelou-se acertado, e na composição o PSDB foi contemplado com duas vagas: a de vice, ocupada por Rômulo Gouveia, que hoje preside o PSD e a de Senado, por Cássio, ficando a outra vaga senatorial com Efraim Morais, do DEM, que foi derrotado.

Como líder do governo Ricardo Coutinho, Hervázio é um aplicado expoente da bancada situacionista. Além da defesa enfática que promove das ações administrativas e do confronto sistemático que alimenta com a bancada de oposição, o parlamentar determinou-se a conseguir maioria de votos para aprovação de matérias de interesse do Executivo no plenário da Assembléia. Perdeu algumas batalhas, venceu inúmeras outras. E, numa operação formiguinha, desencadeou um processo de entendimento de parlamentares e outras lideranças políticas com o próprio governador, que se mostrou receptivo a pleitos formulados e autorizou providências para encaminhamento de reivindicações. É um deputado plenamente confiável ao governador Ricardo Coutinho, inclusive porque opera no cumprimento de outras missões que lhe são delegadas. Não fosse a circunstância de ser suplente, excepcionalmente titular do mandato, Hervázio já teria se desligado das hostes tucanas, por razões pragmáticas e necessidade de sobrevivência com tranqüilidade.

Ele assegura que ainda não conversou com quem quer que seja sobre a perspectiva de migração partidária, porém, deixa entrever que esse é o caminho. Para oficializar a tomada de posição, naturalmente ouvirá, em primeiro lugar, o governador Ricardo Coutinho, sem deixar de auscultar lideranças do PSDB que com ele convivem em harmonia. “O que não posso é permanecer numa posição incômoda, como já fiquei em algumas vezes, quando divergi da orientação do partido. Qualquer político e, sobretudo, postulante, deseja ter tranqüilidade mínima e convicção de que está sendo coerente com as atitudes que toma. É isto que estou buscando”, confessou o parlamentar. Hervázio referiu-se à pressão de setores do PSDB junto ao senador Cássio para que ele seja candidato ao governo em 2014 contra Ricardo, lembrando que da parte do senador não há receptividade a essa proposta, pelo desejo manifesto de que seja reproduzida a aliança celebrada em 2010. “Tenho uma relação de amizade extremamente forte com o senador Cássio e respeitosa com Cícero Lucena e, principalmente com Ruy Carneiro, em quem votei em todas as eleições que ele disputou. No caso da pressão para que Cássio concorra contra o governador Ricardo, é uma estratégia, em parte, estimulada de fora, ou seja, de setores da oposição. De minha parte, tenho razões justificadas para defender o direito do governador concorrer à reeleição no próximo ano, mas respeito todas as opiniões que estão sendo colocadas em pauta”, salientou o deputado.