"He-Man paraibano. Gladiadores do povo"

Amadeu Robson

O galope do tempo tem assustado a muitos, e no seu trote ritmado, lá se vão nossas realidades, nossas fantasias. Assim, os resquícios produzidos pelo bem e pelo mal, só são lembrados nas retrospectivas ainda confeccionadas pela mídia. No mais, um pouco de migalhas que só o tempo com seu antíodo próprio se encarregará de apagar.

Já disse um artista que “o tempo não pára”, e digo eu, o tempo não tem pausas preordenadas, portanto, passo a acreditar que o seu inventor fracionou-o num sincronismo universal, dispondo-o em segundos, minutos, horas, dias, mês e ano. Daí, a alegria e esperança na sua renovação, na renovação da alma e do espírito.

De Coxixola a Gramado, do Oriente ao Ocidente, do Norte ao Sul global, a virada do ano, mesmo que em calendários diferentes, nos trouxe a imposição dos abraços, dos toques, das promessas, dos perdões, dos compromissos, das declarações individuais e universais de amor, caridade e fraternidade.

Mas é preciso revitalizar o que passou, pois não podemos tão somente colocá-la na lixeira da mente, deletando circunstâncias que tanto nos servirão de ensinamentos, quanto nos colocarão precavidos ante as dores e açoites ofertados pelos contrários. Somos seres humanos, passivos as intempéries dos humores do mundo, susceptíveis as investidas do bem e do mal. Vivemos atualmente em um reinado dominado pelo mal. Lembram do filme “Gladiador?”. O nosso imperador é a cópia fiel de Cómodo, o então imperador romano. Baixa estima; não fala a verdade; não é líder; usa de falsidade e covardia perante seus súditos. Gladiadores a exemplo de Máximos, hoje incorporado a figuras como Rubens Nóbrega, Gilvan Freire, Helder Moura e tantos outros que se lançam contra a sua tirania, são apunhalados covardemente, sangram… sangram, mas permanecem em suas trincheiras, sorvidos pelo sentimento de justiça. A mitologia é moderna e nosso He-Man paraibano tem o Poder, mas não tem a liderança.

O ano que passou, por exemplo, foi um ano em que muitos se desiludiram com idéias e pessoas próximas, e outras tantas sentiram nos braços inimigos o afago que tanto precisavam. Encontrarão o seu casulo financeiro. Muitos cresceram, poucos evoluíram, mas todos tiveram suas lições. É a afirmação da tese de um certo filofoso de que quem faz a escolha de nossos caminhos, somos nós mesmos.

Vejo, que algumas pessoas carregam segredos, dilemas, frustrações e delírios, atravessando por anos a fio. Outras se sentem realizadas. Tem os que acreditam que sua missão nunca está acabada, e assim as portas da oportunidade continuam se abrindo e se fechando.

Ainda é tempo, e este novo ano é uma bela oportunidade, senão para se desfazer das angústias, para reconstruir nossa felicidade ou mais um tempo a fim de concluir cada qual a sua obra. Ou simplesmente cumprir seu expediente na vida.