Há algo de podre

Marcos Tavares

Hamlet, o triste príncipe dinamarquês descobre que há algo de podre no seu reino. Exatamente como lá existe algo de podre por aqui que permeou todos os recantos e espaços da administração Lula. A recente prisão da chefe do Gabinete Presidencial em São Paulo, ex-secretária do presidente e assessora de Dirceu – o mensalão – deixam à mostra que todo o círculo íntimo de Luiz Inácio era composto de escroques ou aspirantes a escroque, todos eles ocupando altos postos na República. Dona Rosemary tinha garras na ANA, Anac, MEC e até no TCU encarregado de evitar que esse tipo de comportamento seja exercido com a coisa pública.

Lula nada sabia? Estranho. Se assim for, não tínhamos um presidente, mas sim uma figura decorativa que não via o que se passava ao seu redor, um trapalhão que permitiu que outras pessoas usassem e abusassem do seu poder. Seria muita ingenuidade acreditar nisso, pois Lula não só sabia como permitia, e mais do que isso, tolerava essa farra com o dinheiro e os cargos públicos em nome de um PT no poder custasse o que custasse. Assim surgiram personagens estranhas como dona Rosemary que apenas um minucioso trabalho policial pôde desnudar.

Justiça de faça à presidente Dilma. Ela não alisa corruptos e os despede assim que o escândalo estoura. Mas ela herdou um campo minado de seu amigo Lula, um campo onde viceja a propina, o tráfico de influência, a desonestidade. Não é coincidência que todos os íntimos de Lula acabem na polícia. Devia haver algo maior adredemente orquestrado e permitido para que a podridão chegasse até o reino do PT, muito mais corrompido e corruptor que o reino da Dinamarca que entristecia Hamlet.
Na Rua
A denúncia é do vereador Marcus Vinicius. Dois mil servidores municipais da área da saúde, contratados temporariamente, teriam sido silenciosamente demitidos pelo prefeito Agra.
Eles já cumpriram sua parte. Votaram no candidato do prefeito em troca do emprego e agora, passada a eleição, eles são dispensáveis, descartáveis.
Assim, amparado numa recomendação judicial, Agra começa a limpar o entulho da Prefeitura, mas ainda deixa um pesado fardo para seu sucessor.


Fora
Parece ser uma síndrome que ataca os prefeitos das grandes cidades paraibanas. Depois de Veneziano, o mais procurado, chega a vez de Agra, que, segundo integrantes da comissão de transição, está desaparecido.
Agra pode ter de responder por atos praticados dentro e fora do período de sua gestão e que ele sempre considerou irrelevantes.
Mas que não querem ser incorporados como herança pelo novo prefeito.
Grana
Não sei por que ser saudado como uma vitória e uma benesse o pagamento do 13º salário pelo Estado.
Isso não passa de uma obrigação para a qual o tesouro tem um ano para se preparar.
Limpeza
Parece ser o destino que não quer que Ricardo Barbosa chegue à Assembleia pelas próprias mãos.
Seus adversários levantam a tese de que ele estaria inelegível por falhas na sua prestação de contas ao TRE. E com o emprego ameaçado.

Nome
Correndo por fora, mas chegando com fôlego, o deputado Ricardo Marcelo já começa a ser considerado um nome forte para a disputa do governo.
A preço de hoje Marcelo detém a maior bancada da Assembleia e muitos aliados pelo interior do Estado.

Emprego
O tempo anda sorrindo para a ex-candidata Estelizabel. Convidada para um alto cargo no governo estadual, também é requisitada pelo novo prefeito de Santa Rita para assumir uma secretaria.

Forte
O senador Cássio Cunha Lima sem meias-palavras denuncia que o relatório da CPI de Cachoeira foi feito na Executiva do PT nacional.
Nunca uma CPI mostrou-se tão ineficiente e inoperante como essa.

Forte?
A quem o PMDB quer enganar dizendo que saiu mais fortalecido da disputa interna pelo comando da legenda?
Essa disputa desnudou uma insatisfação que faz tempo, existe no seio da legenda contra Maranhão.

Frases…
Conjugal – Em briga de marido e mulher só Maria da Penha mete a colher.
Francamente – O Vaticano é a maior rede de franquia mundial.
Familiar – Na Máfia, a família é a base de tudo.