Rubens Nóbrega

Não é uma eleição, mas uma guerra o que deve acontecer na Unimed João Pessoa neste sábado (17). Não necessariamente uma guerra com mortos e feridos, embora tal hipótese não possa ser descartada, dado o acirramento de ânimos entre os oponentes. Mas é certo que estamos na véspera de uma guerra. No mínimo uma guerra de visões, atitudes e posturas de como deve ser dirigida a nossa maior cooperativa de médicos, operadora e provedora do maior plano de saúde da Paraíba.
Numa guerra assim não podem faltar batalhas de denúncias as mais variadas e cabeludas, quase todas elas de iniciativa da oposição. É o caso de um dossiê assinado por um guerreiro digno de crédito que há mais de dez anos luta para derrubar Aucélio Gusmão do cargo de presidente da Unimed JP, no qual ele se encontra há vinte.
Recebi no começo desta semana o resumo do tal dossiê. Ontem, pedi esclarecimentos à direção da Unimed-JP, através de sua Assessoria de Imprensa. Apresento o resultado desses contatos adiante. Vamos ao ataque; logo após, à defesa.


De que acusam Aucélio
Usando termos e expressões do texto que me foi enviado, assinado pelo Doutor Otomar Legório (vamos chamá-lo assim), listo a seguir as principais acusações contra Aucélio Gusmão e sua gestão.
Comanda a Unimed com “mão de ferro”, na base do “personalismo e no centralismo desenfreado”.
É o pior desempenho econômico-financeiro já visto em toda a história da cooperativa.
Só em 2011, três pró-ratas e nenhum reajuste de honorários (o que anula completamente os parcos reajustes dos anos anteriores).
Também ano passado, foi colocada uma dívida de R$ 47 milhões da cooperativa pessoa jurídica na conta pessoa física dos cooperados;
Uma autuação da Receita Federal de R$ 43 milhões resultou em hipoteca do hospital e da sede da Unimed-JP.
Duas auditorias externas independentes contratadas pelo Conselho Fiscal constataram inúmeras irregularidades nos processos de compra e contratos de prestação de serviços sem cotação de preços.
O Hospital Unimed apresenta um déficit mensal de R$ 1 milhão.
A Unimed-JP deve fechar o balanço anual com um negativo de R$ 4 milhões e mais esse prejuízo deve ser repartido entre os cooperados.
O indicador de desempenho econômico financeiro da Unimed JP na Agência Nacional de Saúde (ANS) é de pré-intervenção, porque está na faixa vermelha (0,19), numa escala de 0 a 2.
Como Aucélio se defende
Em carta ao colunista, assinada também por seu diretor financeiro, o Doutor João Modesto, Aucélio Gusmão apresenta os esclarecimentos que resumo agora.
Atacam a imagem de um serviço com mais de 130 mil usuários e uma empresa que completou 40 anos de existência e possui o melhor, mais completo e respeitado Hospital do Estado e que atende cerca de 10.000 pessoas mensalmente.
O Hospital deve acabar com o Pronto-Atendimento porque essa atividade não dá lucro?
A empresa tem em contas bancárias, entre provisões e reservas, mais de 60 milhões de reais depositados na data de hoje.
A empresa tem o Certificado de Registro Definitivo da Agência Nacional de Saúde (ANS), coisa que poucos planos de saúde possuem.
Teve um faturamento próximo dos 400 milhões de reais, dos quais 80% foram repassados aos seus quase 1.500 médicos cooperados que realizaram em torno de um milhão de consultas no último ano.
A autuação de R$ 47 milhões (e não de R$ 43 milhões) da Receita Federal, por ter sido indevida, já foi derrubada em duas instâncias da Justiça.
Em relação aos pró-ratas, ficou provado em Assembléia Geral Extraordinária que houve apenas questões pontuais, como produção acima do esperado, chamando a atenção o fato de que dois membros oposicionistas foram os maiores geradores de despesas, sendo um clínico geral (maior gerador de gasto individual) e outro hematologista (maior despesa de exame auto-gerado).
Quanto às auditorias externas independentes, nada foi encontrado que desabonasse os três diretores da Unimed.
Apesar dos R$ 4 milhões negativos, a Cooperativa, apenas com problemas de saúde dos seus cooperados, disponibilizou 4,5 milhões, independentemente do Fundo de Assistência ao Cooperado (FAC), e tem a receber judicialmente mais de R$ 11 milhões, ou seja, quantia bem superior ao déficit propalado.
Os dados relativos ao indicador econômico da ANS, denominado IDSS, representam aquilo que foi observado em 2010, ou seja, dados antigos que até na assembleia geral ordinária do início de 2011 foram mostrados e aprovados porque não continham irregularidades.