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A guerra do quórum: Temer pode não se livrar da denúncia hoje - Por Tereza Cruvinel

As favas já não estão contadas para Temer se livrar hoje da segunda denúncia, por obstrução da Justiça e formação de organização criminosa, juntamente com os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha. Se a oposição se mantiver unida na decisão de não marcar presença,  e for ajudada por alguns dissidentes da base (e eles não eram poucos ontem), o governo não conseguirá o quórum de 342 votos para garantir a votação. E com o feriado de Finados caindo na quinta-feira da semana que vem, outra votação só será possível daqui a 15 dias. Até lá, Temer sangrará.

No final do dia de ontem o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), da tropa de choque governista, dizia no café da Câmara, olhando para o celular: “Temer está me chamando. Vou dizer a ele que há risco de não termos quórum. Sou realista”. A alguns metros a deputada Laura Carneiro  (PMDB-RJ) dizia a quem perguntava como votaria. “Amanhã vou ficar na piscina do meu hotel”.

Ao longo da noite, o governo entrou numa operação de guerra para garantir o comparecimento de aliados, ainda que depois de marcar presença se retirassem do plenário para não se desgastar com um voto a favor de Temer, que cedeu às cobranças e sancionou a MP do Refis e liberou emendas pendentes.

Já tendo votado contra o governo na primeira denúncia, o veterano peemedebista Jarbas Vasconcelos avaliava o efeito do não-fechamento de questão por seu partido. “Da outra vez fecharam questão e houve seis dissidências. Agora não tentaram, sabendo que elas devem aumentar um pouquinho”.

No PP, seis deputados votaram contra o governo na primeira denúncia. Eles estão dispostos a repetir o voto e a frustrar o quórum, contando agora com mais alguns insatisfeitos com o governo pelo não cumprimento de acordos.

Mas quem vai determinar mesmo a questão do quórum é a oposição, que se reuniu à tarde para acertar os ponteiros. Participaram da reunião PT, PDT, PSB, Rede, PC do B e PSOL.  Combinaram que apenas o líder de cada um destes partidos  entrará no plenário e fará uso do microfone, o que resulta em confirmação de presença. Os demais ficarão fora do plenário. Dos 226 deputados que votaram contra Temer na primeira denúncia, pelo menos 150 são da oposição. Agora, basta que 172 não compareçam para que o quórum de 342 presenças não seja alcançado, impedindo o início da votação.

– Matematicamente, são grandes as chances de impedirmos esta votação amanhã, o que já será uma grande derrota para o  Temer – avaliava otimista, no início da noite, o deputado Silvio Costa (Avante-PE), que mandou confeccionar listas com o nome dos que votaram contra o governo da primeira vez. Eles estão sendo procurados um a um, e serão abordados na entrada do plenário com apelos para que não marquem presença.

Fonte: Brasil 247