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Guedes perde ao menos 16 auxiliares desde o início do governo e fica refém de soluções internas

Servidores de carreira são chamados para ocupar cargos em meio a contrariedade do mercado com política econômica do governo

O ministro Paulo Guedes acumula, desde que assumiu o cargo, ao menos 16 perdas de auxiliares diretos considerando a debandada de integrantes do núcleo fiscal do Ministério da Economia nos últimos dias diante de discordâncias com as decisões do governo.

Antes adepto a nomes externos para as nomeações, o ministro chega à reta final do ano enfrentando o maior momento de contrariedade de representantes do mercado, o que se reflete em uma pasta cada vez mais dependente de soluções internas e servidores de carreira para executar os trabalhos.

De acordo com integrantes da própria equipe econômica, nenhum profissional de alto nível do setor privado aceitaria entrar na pasta no estágio atual. Isso não quer dizer que os nomes que assumiram agora são vistos como ruins. Ao contrário, a escolha dos novos secretários é vista internamente com entusiasmo.

De qualquer forma, o cenário contrasta com o começo do governo, quando o Ministério da Economia tinha um time repleto de representantes da iniciativa privada.

Em entrevista nesta sexta-feira (22), Guedes minimizou as baixas em sua equipe e disse que tem tentado fazer substituições que aumentem a qualidade do time.

“Estou absolutamente tranquilo. É interessante, falaram ‘ele perdeu seis pessoas, 18 pessoas’. Tem pessoas que eu não conheço, eles colocam na lista que eu perdi, [dizem que] foi uma perda terrível para mim, eu nem conheço a pessoa”, disse.

As mudanças iniciaram conforme a ala política passou a ganhar as disputas ao longo do governo e a agenda defendida pelo ministro começou a ficar no papel.

Com isso, o organograma do ministério passou a ser alterado em busca de servidores de carreira ou nomes que já estavam na pasta em cargos inferiores.

Na Receita Federal, que teve uma das primeiras baixas do time em meio aos entraves da reforma tributária e à dificuldade de se emplacar a discussão do novo imposto sobre transações, o tributarista Marcos Cintra foi substituído pelo servidor de carreira aposentado do fisco José Barroso Tostes Neto.

As soluções internas foram observadas também em outras ocasiões.

A saída de Mattar levou à promoção de seu ex-subordinado Diogo MacCord. A saída de Uebel demandou chamar Caio Paes de Andrade, ex-presidente da estatal Serpro.

Guedes, antes mesmo de o governo começar, convidou para o comando da área fiscal Waldery Rodrigues, que é servidor do Senado.

À frente do Tesouro Nacional, subordinado a Waldery, estava Mansueto Almeida. Ambos já tinham passado por equipes econômicas anteriores, mas não são servidores de carreira do ministério ou do Banco Central.

A dança das cadeiras de Waldery mudou o cenário na área fiscal ao colocar Jeferson Bittencourt, servidor de carreira do Tesouro, no comando da secretaria.

Para a chefia dele, foi escolhido Bruno Funchal, que havia sido secretário da Fazenda no Espírito Santo. Funchal deixou o posto na debandada desta semana e, no lugar dele, ficará Esteves Colnago, aanalista de carreira do BC.

Fonte: Folhapress
Créditos: Folhapress