Rubens Nóbrega

Sinceramente, não lembro um governo, como esse de agora, causando tanto mal, tanto sofrimento e aperreio a tantas pessoas na Paraíba.

Parece até que tem prazer em aumentar os dissabores, prejuízos e aflições aos governados, em especial àqueles – servidores públicos do Estado – que deveriam ser tratados como colaboradores e não inimigos.

Mas, ainda bem, o monarca vem sinalizando nos últimos dias a possibilidade de reajustar os salários miseráveis que o Estado paga à maioria de seus funcionários. Talvez a perspectiva de alguns trocados a mais sirva para desanuviar o ‘ambiente’.

Tomara que seja verdade. Tomara que em janeiro a promessa de campanha se transforme em realidade, enfim, embora já se saiba que no orçamento do Executivo para o próximo ano não existe dotação específica que contemple o reajuste prometido.

No máximo, conforme disse ontem o deputado Anísio Maia (PT), o que se tem é previsão de um reajuste genérico da grana reservada à administração pública, da ordem de 5,9%, que tanto pode ir para custeio como para pessoal. Ninguém sabe ao certo.

Enquanto isso, governante e governo parecem se divertir castigando e aterrorizando os recalcitrantes da hora, ou seja, o pessoal do Fisco, que saiu de uma greve por ordem da Justiça e continua a sofrer retaliações do todo poderoso.

Não bastasse o fim da Secretaria da Receita e sua incorporação a uma Secretaria de Fazenda que abarca também a de Finanças, agentes e auditores fiscais podem amargar mais descontos pelos dias parados e ainda enfrentar ameaças e processos que podem demiti-los.

Depois do resultado do julgamento do pedido de suspensão do movimento no Tribunal de Justiça, amplamente favorável ao governo, esperava-se um gesto do governante na direção de um convívio menos tenso, menos truculento, com os fiscais do Estado. Mas que nada! O trunfo é paus.

O imperador extingue a Secretaria que vinha ajudando o Estado a bater sucessivos recordes de arrecadação, desconta arbitrária e autoritariamente dias parados de uma greve não declarada ilegal e ainda ameaça o emprego de centenas de servidores de carreira.

No meu entender, essas informações só reafirmam e reforçam o apreço do Ricardus I pelo embate, pelo confronto, pelo tensionamento. É para mostrar que é duro, inflexível, invencível, dando margem ainda a que muita gente desconfie que esse governo, além de belicoso, é sádico.

Pior de tudo é constatar que um ano já se foi e até agora não se tem notícia de nenhuma iniciativa de relevo do Ricardus I, de algo que possa minimamente compensar em futuro próximo o tempo perdido e as tristezas que causou.

Fora perseguir e punir os pequenos, favorecer e privilegiar os já tão privilegiados, o máximo que faz é assinar ordens de serviço de obras planejadas, licitadas e de financiamento assegurado pelo antecessor.

É um governo sem foco, sem ações ou políticas públicas que propiciem melhorias efetivas nos serviços públicos essenciais de responsabilidade do Estado.

Pelo contrário. Saúde, educação e segurança encontram-se, no geral, em estado lastimável. Ao ponto de a gente constatar que a gestão imperial conseguiu a proeza de piorar o que já era ruim.

E ainda posa de bacana, operoso, eficiente e promissor, conforme anunciam no tão decantado e festejado milionário ‘choque de mídia’.
Pois é, amigo, a Paraíba precisando de um choque de competência, de boa governança, e lá vem outro governo que sangra o erário com sua publicidade descarada e cara, exclusivamente promocional, para tentar enganar o povo gastando aos tubos o dinheiro desse mesmo povo.

Um povo que os marqueteiros reais devem ter na conta de burro e ignorante, como sói.

ENQUANTO ISSO…

A rotina da população que mais precisa é de sangue, suor e lágrimas. A escalada da violência cresce na mesma proporção da inércia, indiferença ou incompetência do governo para enfrentar o problema.

Que o digam os donos e empregados de postos de gasolina da Vila Nova da Rainha. Segundo nota da direção do PT campinense, de 1º de janeiro até anteontem, 21, foram cometidos 81 assaltos contra esses estabelecimentos.

Significa que a maioria dos 48 postos da cidade foi assaltada pelo menos duas vezes no ano da graça de 2011. Mas, nem assim, o governo se buliu para oferecer algum esquema especial de proteção aos cidadãos ou de inibição e repressão aos ladrões.

Cansados de esperar pelo nada, empresários do ramo se juntaram e investiram R$ 130 mil em câmeras de vigilância eletrônica e outros equipamentos de segurança.

Isso mostra que o setor privado está substituindo o poder público na tarefa de combater os bandidos. O que é sempre muito perigoso, arriscado e, não raro, trágico.

Mas, pelo visto, os comerciantes campinenses não têm alternativa. Principalmente nesse momento, em que se aproxima o Natal, as vendas tendem a aumentar e os assaltos, também.

Com isso, a situação chega a um estágio que me permite parafrasear o filósofo João Costa em sua máxima: “Assim caminha a humanidade. Sob a Nova Paraíba”.