O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticou neste domingo (19/3) a narrativa da Operação Carne Fraca, desencadeada pela Polícia Federal na última sexta (17), que revelou um grande esquema de corrupção envolvendo empresas de alimentos e fiscais do Ministério da Agricultura. Segundo ele, as investigações irão tomar agora um outro rumo na medida em que a pasta irá ajudar a PF com informações técnicas do setor de carnes.
O ministro fez as declarações em entrevista coletiva no Palácio do Planalto após a série de reuniões ocorridas neste domingo. O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, participou do encontro com representantes do setor de carnes do País.
Segundo Blairo, ficou acertado no encontro que o Ministério da Agricultura e a PF passarão a atuar juntos nas investigações. “O ministério estará com seus técnicos explicando tecnicamente para os agentes da Polícia Federal o que é certo e o que é errado, na visão dos nossos regulamentos.”
Idiotice
Ele criticou a “narrativa” conduzida pela Polícia Federal na operação, disse que houve “fantasias” e que é uma “idiotice” achar que os produtores colocariam, por exemplo, papelão em embutidos, como foi apontado pelas investigações.
Blairo reclamou ainda que o Ministério da Agricultura não foi consultado pelos policiais e declarou que os técnicos poderiam ter esclarecido pontos que foram considerados irregulares, mas que são práticas permitidas do setor. “Em função da narrativa é que se criou grande parte dos problemas que temos hoje”, afirmou.
Após a entrevista, Blairo disse que não ficaria “batendo boca” com a PF via imprensa. O ministro citou um áudio sobre papelão, em que os investigadores entenderam que o material seria misturado à carne. Para ele, fica claro que os funcionários grampeados estavam falando de embalagens. “É uma idiotice. As empresas gastaram milhões de dólares para conquistar mercados, e vão misturar papelão?”, questionou.
Blairo também citou outro áudio que mostra um dono de frigorífico adquirindo carne de cabeça de porco para usar em linguiça, o que, segundo o ministro, é permitido em determinados produtos e porcentuais: “Por que não estávamos presentes para dizer que cabeça de porco pode ser utilizada ou que ácido ascórbico é vitamina C?”
De acordo com o ministro, a Polícia Federal explicou que a Agricultura era parte da investigação, por isso não foi consultada. A Polícia Federal disse que não iria comentar as declarações do ministro.
O presidente Michel Temer rebateu críticas de integrantes da bancada ruralista no Congresso e de empresários de que a PF cometeu excessos na operação.
Créditos: Estadão Conteúdo