Nilvan Ferreira
Nunca vi um governo tão cego como o que hoje temos aqui no nosso estado. É muita falta de humildade negar que existe um clima de insegurança na Paraíba, especificamente aqui na capital. E o pior: o governador erra duas vezes. Primeiro, ao negar que o paraibano está completamente desprotegido. Segundo, quando não age de forma contundente e com investimentos no aparato de inteligência policial e de efetivo, além de equipamentos que possam garantir que o cidadão saia de casa tranquilo todos os dias.
O atual governo também comete a audácia de ser surdo. Não consegue ouvir as vozes das ruas, das esquinas, do cidadão comum, que grita todos os dias na imprensa um simbólico alerta, reclamando que os bandidos estão dominando os bairros, sejam na periferia ou no centro da cidade.
Até as escolas, que deveriam servir para a formação dos nossos filhos, hoje, também são alvos frágeis, quando os criminosos do tráfico de drogas lhes impõem até o toque de recolher. Famílias estão desesperadas, temerosas em deixar que sua prole frequente as unidades educacionais, devido o medo de que algo de pior ocorra.
São centenas de pessoas assassinadas nos primeiros nove meses do ano, o tráfico de drogas atua facilmente, sem a interferências mais precisa do estado, assaltos e explosões a caixas bancários já virou rotina, sem contar que residências são invadidas, famílias mantidas como reféns. Mas, o governo prefere negar que o caos impera e que a ordem não é a dele e sim a dos criminosos. E ninguém pode comentar esses detalhes, pois será tratado como oposição, que tenta espalhar a barbárie, o medo.
Cego, mudo e surdo, o atual governo da Paraíba se transforma numa máquina defeituosa, inoperante, que assiste a tudo, ignora os alertas, faz cara feia para as queixas e deixa o cidadão temeroso. A falta de segurança é tratada hoje na Paraíba como simples “boato”, inventado, criado. Para o governo, tudo é falácia.
Se num final de semana, os bandidos batem recorde em termos de assassinatos, na segunda-feira o governo diz que é boato, que está tudo tranquilo. Todos os dias explodem caixas eletrônicos. Também é considerado boataria da oposição. Existem Casas Lotéricas, aqui em João Pessoa, que toda semana é visitada por bandidos armados que levam tudo. Na mesma hora o governo manda seus assessores espalharem que é invenção da “turma do contra”.
O governo e seu comando na área da segurança pública “patina” a todo momento. Não existe um projeto de ação emergêncial. Não há um só investimento concreto que possa proporcionar perspectiva de avanços a médio prazo. A máquina estatal está fadada ao fracasso nas condições de hoje. O retrato é de policiais, em todos os níveis, desmotivados, sofridos, com salários arrochados e desvalorizados. Parte da PM considera o governo como um inimigo da categoria.
Na área da segurança, o governo precisava ter a estrutura física e humana como aliados. Quem duvidar é só escutar o que vem dos quartéis diariamente. Na Polícia Civil, delegados estão a ponto de explodir um grande movimento grevista, que promete parar viaturas e delegacias em todo estado. Agentes penitenciários não esqueceram suas reivindicações e também podem revidar.
Ricardo Coutinho precisa se transformar no “velho Ricardo”. Necessita ganhar a sociedade na luta contra a violência. É hora de chamar o feito a ordem, governador. Ricardo não escuta o povo, não dialoga com quem levanta os problemas, os falsos aliados deixam seu governo completamente cego e a gestão, consequentemente, permanece “lerda”, fraca, raquítica e inoperante. Esse modelo de governo não serve ao povo paraibano que acreditou firmemente num projeto de mudanças e de transformação.