Governar não é tratar mal, Por Walter Santos

Ricardo e Dilma: humores parecidos

Tanto faz ser Dilma Rousseff quanto Ricardo Coutinho: aos dois, que vivem com cara feia o tempo inteiro, é preciso entender – se é que ainda tem tempo, que governar uma estrutura do tamanho de um Governo Federal ou Estadual não é necessariamente estar precisando tratar mal as pessoas, inclusive as mais próximas.

São duas situações distintas, embora haja pequena semelhança no quesito “viver de cara feia” ou criar constrangimento aos auxiliares.

Nos dois casos, eles vivem problemas sérios com o Legislativo. Embora possam ter relativa razão quando a fome parlamentar é maior do que a possibilidade de oferenda de alimento$, se faz imprescindível usar o que no bairro da Torre os letrados chamam de “jogo de cintura”. Quem não tem, precisa ir nas aulas de Banbolê – eita gota serena de coisa velha – porque na política é assim mesmo, tem que rebolar, mexer a cintura.

Dilma queira ou não queira vai ter que conviver e engolir o deputado federal Eduardo Cunha porque senão ela não governa. A queda na preferência popular, na avaliação de governo tem a ver com a pauta negativa sempre exposta pela Grande Midia (Rede Globo, Veja, etc), mas, indo a fundo, é fruto desse jeito raivoso que nada acrescenta e gera problemas, mesmo ela sendo gerente de resultados.

A sorte de Dilma, diferente de Ricardo, é que ela tem um “santo protetor e de barba” chamado Luiz Inácio Lula da Silva, além de bons interlocutores, a exemplo do novo Ministro Ricardo Berzoini – amigo de muitos paraibanos, como Rodrigo Soares, que sabem dialogar com a Câmara e o Senado Federal.

Como disse e repito, diferentemente Ricardo não dispõe deste santo protetor porque se considera o próprio Deus, sem o sê-lo. Do contrário, se fosse humano normal, estaria com Cássio e todos no seu palanque construindo sua reeleição.

Trocando em miúdos, nos tempos modernos ninguém agüenta mais e nem fica calado com maus tratos de ninguém porque Governo, além de ser instância de sofrimento – vide a filosofia de Mocidade, é para buscar resolver problemas e não criar por atitudes particulares de mau humor.

Tenho dito.

Sobre Mariz e João Agripino

Volta e meia alguém tenta por bajulação querer comparar o estilo de Ricardo com o dos ex-governadores João Agripino e Antonio Mariz. Não tem comparação, embora seja o fator da dureza de posição entendida pelo áulicos como fator comum nesses personagens.

João Agripino era austero, duro, mas humano. Poucos como ele, nos idos anos 60 dariam abrigo às minorias negras e mulatas que professam a Umbanda e o “Jogo do Bicho”. Ele, sintonizado com os anseios populares, legalizou tudo e até hoje nunca mais negro apanhou da política por ter cultuado sua religião de origem afro ou por fazer sua fé nas bancas de João Gonçalves e Mikika.

Mariz, com quem convivi e tenho o enorme orgulho de ter sido seu amigo, não tem comparação. A Paraiba talvez não saiba mas Antonio Marques da Silva Mariz se preparou como poucos para transformar costumes e o rumo sócio-economico deste Estado. Poliglota, ético, cara dura, mas era um homem de gestos humanos sem igual. E se fosse pobre, negro e lascado aí era que tinha seu apoio e carinho incomuns.

Culto, preparado e reformista se foi antes do tempo deixando uma lacuna que tanto falta faz ao nosso legado.

Temi fica com Cássio

O produtor cultural Temi Cabral decidiu deixar o Governo do Estado, já que compunha a diretoria da PBTur, para se incorporar à campanha do senador Cássio Cunha Lima ao Governo.

Temi sempre foi da linha de frente das campanhas de Cássio/Ronaldo, como também eram Antonio Alcântara, Ricardo Barbosa e Rômulo Gouveia – estes optando por ficar com Ricardo Coutinho.

A decisão de Temi deve ser mais um daqueles grilos danados na cabeça dos que não tiveram a mesma postura ou coragem.

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“Governo é pra sofrer…”