Rubens Nóbrega

O governador Ricardo Coutinho recebeu ano passado R$ 28.375,00 em diárias por conta de viagens que deve ter feito a serviço. Esse dinheiro foi pra conta pessoal de Sua Majestade de forma absolutamente legal. Mas não inclui nem cobre, obviamente, gastos adicionais com deslocamentos e hospedagens dele, de sua escolta ou de assessores que o acompanham.
Quem acompanha ou faz a segurança do governador também tem direito a diárias. Tanto quanto um professor ou funcionário da UEPB em viagem a serviço. A diferença, como já disse ontem, é que para manter um governador a Viúva deve abrir a bolsa muito mais vezes e dela tirar bem mais do que repassa a uma Universidade feito a Estadual.
Quer ver uma coisa? Vocês têm idéia de quanto custa manter a primeira-família na Granja Santana? Aliás, quanto a gente gasta para manter a Granja Santana? Do faisão defumado ao papel higiênico, não tenham dúvidas: somos nós que pagamos por toda uma mordomia que particularmente considero absurda, principalmente porque é suportada pelo povo de um Estado paupérrimo e de carências imensuráveis.
Apesar disso, não tenham dúvidas também de que pagamos tudo do bom e do melhor para o governador e os seus, além da montanha de dinheiro reservada ao pagamento de carros oficiais, carros locados, combustível à vontade… Tudo a serviço e ao dispor do governador e dos seus mais chegados.

Tudo disponível no Sagres
Peço desculpas se na minha incompetência ou pressa levantei apenas o valor das diárias. Posso pesquisar outros mais adiante pra gente saber com exatidão quem custa mais caro ao povo, se as mordomias do governante ou a UEPB.
Enquanto isso, os leitores podem ir fazendo suas próprias pesquisas. É só abrir a Internet e visitar o Sagres, sistema de acompanhamento dos gastos públicos disponível no portal do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Para dados mais atualizados, recomendo dar uma passada no Siafi – Sistema de Administração Financeira do Estado, que deve estar aos cuidados da Controladoria Geral do Doutor Luzemar Martins ou da Secretaria de Finanças da Doutora Aracilba.
R$ 120 mil com jatinhos
Saibam ainda que em matéria de deslocamentos e viagens as diárias não são a única despesa dos súditos contribuintes do Ricardus I.
Pra vocês terem uma idéia, ‘apenas’ com o aluguel de jatinhos da Weston, uma firma de táxi aéreo de Recife (PE), a Casa Civil da Corte pagou nada menos que R$ 120.293,95 em 2011.
Parece-me, contudo, que nesse caso há uma justificativa plausível: deve ter sido para evitar assédio em aeroportos e aviões de carreira, onde o monarca teria que aturar fãs alucinados por um autógrafo, um abraço ou uma fotografia.

 

O avião de U$ 6 milhões
Deve ser por isso que o homem quer porque quer comprar um avião de 6 milhões de dólares, mesmo usado, embora cotado a preço de novo por licitações abertas e frustradas duas vezes.
A propósito, é curioso reparar como esse governo não demonstra o menor interesse ou empenho em arranjar ou comprar pelo menos um helicóptero para a Polícia, Corpo de Bombeiros ou Samu.
Mas isso não deve ter a menor importância. Um helicóptero teria uma serventia social imensa e traria benefício para muita gente em ações de segurança, de resgate e apoio em sinistros individuais ou coletivos.

 

Uma decisão exemplar
“O Estado Democrático de Direito não pode retroceder aos tempos da renascença, nas épocas da monarquias absolutas, em que a vontade do soberano era a própria lei. Graças a muito sangue e suor, brocardos do tipo “o rei não erra” (…) não são mais admitidos em um estado democrático, no qual existem as normas, constitucionais e infraconstitucionais, como diretrizes de todo o ordenamento jurídico”.
Com essas e outras preciosas palavras, o desembargador federal Carlos Coelho, do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, indeferiu pedido do Ricardus I para cassar liminar que o juiz Alexandre Roque concedeu em ação movida pelo Ministério Público do Trabalho para impedir que o atual governo amplie o esquema de terceirização da saúde pública no Estado.
Tive a honra de ser aluno do Professor Carlos Coelho. O homem sabe tudo e mais um pouco do Direito. Além disso, é julgador que sabe aliar extremo rigor e isenção nas suas avaliações a uma extremada percepção de justiça. Percepção que alcança, por óbvio, as circunstâncias sociais, políticas e legais, acima de tudo, que envolvem esse processo de entrega de funções essenciais de Estado à exploração lucrativa privada.