Governador: Bom em "Exatas e Humanas" !

Bruno Filho

Quando cursei o antigo “Científico”, que já não existe mais, assim como seu vizinho “Clássico” que depois juntos transformaram-se em Colegial e passando logo em seguida a ser Segundo Grau, a grande dúvida do jovem da época é se suas habilidades profissionais voltavam-se para “Exatas” ou “Humanas”.

O decantado “Teste Vocacional” era moda, sem esquecer que na grande maioria jovens moças optavam por um curso mais antigo o “Normal”, que as levava a serem professoras aptas a ensinar crianças em início de suas vidas escolares. Falo de 35 anos atrás e não de centenas de séculos.

Pois então vou usar esse “gancho” para mais uma vez referir-me ao Governador Ricardo Coutinho, que é dessa época, deve ter optado pelo “Científico” pois a sua formação é de Farmacêutico. O nosso maior governante deve ter prestado o vestibular no extinto “Cescea” ou o seu equivalente Nordestino.

No entanto poderia ter optado pelo “Cescem” e ser oriundo do “Clássico”. O Governador conseguiu neste último ato do reajuste concedido misturar palavras com números de uma forma tão intensa que se fosse um engenheiro ou um advogado ficaria da mesma forma. Teria habilidade para desenvolver as duas profissões.

Ele falou tanto e confundiu tanto a população que até agora ninguém entendeu absolutamente nada. Observo o fato de que sou minimamente atento a tudo, até pela minha profissão, mas me confesso confuso e desafio, salvo ele mesmo e seus comandados, quem possa se considerar “expert” nos tais índices.

Ricardo envolveu reajuste sobre o salário-base com abonos, gratificações, anuênios, quinquênios, produtividade aliada à regularidade, auxilio transporte, auxilio alimentação, auxilio daqui e dali…claro que com exagero de minha maneira de escrever, embaralhou tudo num pacote só.

É tanta confusão que antes da publicação oficial dos dados até os mais inteirados do assunto estão com medo de opinar. Ouvindo o lado do Palácio da Redenção concluo que para certas categorias o aumento foi o maior da história do Nordeste e um dos maiores da história do Brasil…

Acompanhando as opiniões dos lideres sindicais foi o menor de todos os tempos. Categorias ameaçando parar, outras lamentando e reclamando das atitudes de Coutinho. Ouvi muitas reclamações e em publico nenhuma categoria sequer que tenha elogiado o que foi definido.

Eu gostaria só de compreender. Que “salada” é essa que foi feita ? Quais são os verdadeiros índices e quando finalmente serão aplicados ? Tomei conhecimento de que alguns só entrarão em vigor no meio do ano, outros só valem para quem está na ativa, caso da segurança por exemplo.

Ns educação e na saúde muitas restrições “picotando” a categoria em vários segmentos quando na verdade todos são servidores e deveriam ser remunerados de maneira equivalente. Sinceramente, as equações do Governador são difíceis de entender pelos simples mortais e eu sou um deles e não sou servidor público.

Por esse motivo o máximo mandante estadual agregou “Exatas” com “Humanas”, falou sobre numeros como um verdadeiro Engenheiro e os defendeu como um extraordinário Advogado. Ricardo seria aprovado em qualquer dos dois vestibulares se acontecessem hoje.

Não sei se os 1.079.164 eleitores que o colocaram morando na Granja Santana entenderam sua matemática ou compreenderam sua verbalização. O que sei é que esse numero de brasileiros que acreditaram nas suas propostas estão confusos demais.

A linha de “salvador da pátria” passa muito perto da linha de “destruidor de ilusões”. Manter a média é a maior vitória da vida dos políticos. Todos que começaram como verdadeiros “furacões” viraram brisa e desapareceram rapidamente. Outros estão de andanças pelo País até hoje.

Os que mantiveram o rítmo de vento brando continuam na mídia. Pensem nisso…lembrem dos nomes dos que alçaram grandes vôos e certamente constatarão que o tombo foi maior. Os que foram de mansinho não subiram tanto consequentemente não cairam de grandes alturas. Pequenas quedas, recuperação mais rápida.

Política é paixão, mas acima de tudo é auto-controle, o único ramo de atividade aonde não se pode desdenhar ou impor normas e regras desbragadamente. Quem bate muito, acaba levando contra-golpe, quem alisa muito se subjuga, por isso o meio termo é o ideal.

Uma coisa é certa, verbalizar números é com o Governador. Ele consegue por trás das lentes de seus óculos e seu semblante desafiador falar, falar, falar por horas seguidas sem explicar. Pelo menos é o que ouço daqueles que estão na linha de frente.

Bruno Filho, jornalista e radialista, sente que a decepão com o Governador é maior do que qualquer índice.

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