O cozinheiro Erick Witzel, de 24 anos, filho do governador eleito Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, revelou detalhes de como a campanha eleitoral o distanciou de vez do pai. Em entrevista ao portal UOL, publicada nesta sexta-feira (09/11), Erick contou que a relação com o pai era “fria e distante”, porém “pacífica”. Mas a cena em que Witzel aparece ao lado de uma homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) destruída foi forte demais para o jovem e definitiva para o afastamento dos dois.
“Quando eu ainda tinha Facebook, vi a foto do deputado destruindo a placa. Ainda não aparecia o Wilson na imagem (Erick só se refere ao pai pelo nome). Fui ao perfil dele e comecei a olhar as fotos do dia, investigando em que contexto aquilo tinha sido feito. Quando vi, o Wilson estava lá. Eles vibravam e cantavam. Naquele momento pensei: eu perdi o meu pai. Qualquer resto de humanidade dele se perdeu ali”, lamentou.
Segundo Erick, desde que Witzel contou em uma entrevista ser pai de um filho transgênero, ele sofre ataques virtuais de supostos apoiadores do agora governador eleito. Erick havia pedido que o juiz não tocasse nesse assunto durante a campanha eleitoral. “Eu não queria a minha imagem e a minha condição de gênero associadas às causas dele”, argumenta.
“Eu nunca disse “sou trans” no meu trabalho, por exemplo, mas sempre fui respeitado. Daquela declaração até hoje, eu “ganhei um rosto”, um rótulo de filho trans do governador eleito. E não paro de receber ofensas e ameaças constantes no meu Instagram. Muitas vezes de perfis falsos que se dizem eleitores do meu pai, que falam que eu sou a vergonha da minha família, me mandam voltar para o armário, dizem que vão rir quando eu for parar no caixão”, disse o cozinheiro, que não conversou mais com o pai. Erick deve registrar uma denúncia na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática contra os agressores virtuais.
Na entrevista, Erick também fala sobre o “endurecimento” das propostas do pai, que se declarou alinhado politicamente ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e defende o “abate” de criminosos que carreguem fuzis.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Metrópoles