….governador mostrar que nunca esteve preparado para governar a Paraíba.
Gilvan Freire
A ‘primavera brasileira’ de abril e maio que mobilizou milhões de pessoas pelo Brasil afora, especialmente os jovens, teve todas as características de uma revolução cultural, já que de revolução política não sobrou muito. Não há revolução política sem mexer nas estruturas de poder e nas classes dominantes.
De positivo mesmo sobrou da primavera latino-americana o medo que amarrotou as calças dos políticos e a certeza social de que o povo pode tudo quando quer, inclusive matar de susto seus representantes eleitorais nas diversas instâncias do poder.
Mas, passados os primeiros meses, já se vê que os movimentos mais densos de rua refluíram dando lugar às mobilizações segmentadas, que se manifestam sem grande força e credibilidade, porque revelam interesses de grupos ou de classes, inteiramente localizados. Contudo, isso ainda não quer dizer que a ‘primavera brasileira’ murchou, porque a ‘revolução cultural’ é em si uma mudança na forma de pensar do povo, e não necessariamente uma ruptura com o sistema de poder em vigor. O importante, nesse caso, é que o povo avançou muito no pensamento das mudanças, e isso é revolucionário.
Na Paraíba de RC, nada mudou, e até mesmo o povo, embora contaminado pelo espírito nacional de mobilização e revolução cultural, ainda não protestou como deve contra a crise de desmanche da administração promovida pelo atual governador, claramente envolvido em graves denúncias de cunho moral e de inapetência gerencial.
Enquanto o Congresso nacional bota gasolina nas tensões incendiarias das ruas, como no caso de Donadon e outros, e bate na cara da população ordeira que exigiu mudanças em abril e maio, repetindo os abusos de sempre e agindo com cinismo e indiferença à revolta social pacífica, até a amorfa presidente Dilma parece mais antenada e disposta a salvar a própria pele e a pele do PT e a de Lula, criando fatos menos vexatórios e um pouco mais positivos. Decerto, ela tem medo do povo e gosta de sua pele.
No nosso Estado – tão pobre como sempre foi e agora mais atrasado ainda para acompanhar o crescimento qualitativo do povo brasileiro e o desenvolvimento do país nos últimos tempos, o desmantelamento da máquina estatal e o pauperismo mental do gestor de plantão estão levando a população a pagar um altíssimo preço pelas suas más escolhas políticas locais. Nessa questão do uso dos aviões do governo em passeios e festas do governador e da primeira dama, ou dela mesma e os bajuladores da corte, é um dos piores instantes morais dessa nova cara do país primaveril que emerge das manifestações coletivas, mas talvez seja uma das últimas chances do governador mostrar que nunca esteve preparado para governar a Paraíba.
Eita homem aéreo!