É pouco crível que o PT lance a candidatura do ministro Aguinaldo Ribeiro a governador do Estado no próximo ano. Não mais por causa do prontuário ideológico de Aguinaldinho, desses que o PT acostumou-se a combater com ferocidade até o dia em que Maluf avermelhou, mas por conta do PMDB e outros aliados possíveis e imagináveis, bem como por causa das fugas imagináveis e possíveis numa eleição em que o Nordeste terá um candidato competitivo – crescido com a recente aliança Eduardo/Marina.
O PT local não morre de amores hoje pelo PMDB, porque quem tem agora o que oferecer aos petistas mais ávidos por empregos e favores públicos é Luciano Cartaxo, prata de casa aboletado na prefeitura, e RC do outro lado do balcão de negócios financiando Luiz Couto e seu séquito, numa deprimente crise partidária que só se via entre os partidos mais conservadores e mais fisiológicos. Couto, um político que oscila entre o confuso e o controverso – apesar de ser um bom parlamentar – age com tanta veemência contra o seu próprio partido que passa a impressão de pertencer a uma legenda diametralmente oposta à sua na Paraíba, embora seja governo no plano federal tanto quanto é no Estado. Tem quem entenda esses saltos mortais?
Enquanto o PMDB não tem nenhum motivo para abrir mão de sua candidatura própria para o PT, porque os petistas não têm quadros grandes afora Luciano Cartaxo, e ainda por cima querem abafar, por outras razões estratégicas, a liderança incômoda de Luciano Agra na capital (para que não faça sombra no prefeito e nos projetos futuros do partido), a aliança dos últimos anos entre o PMDB e o PT vai se esvoaçando. Não é fácil receber algo do PT quando não for possível favorecer primeiro a ele.
Gerado o impasse na Paraíba entre o PMDB que tem quadros e votos e o PT que pouco tem dos dois, e estando Cássio em lado oposto e RC contrário a todos, a situação está ficando dramática para a petista Dilma, já acossada por uma opinião pública nacional vacilante, um governo sem horizontes definidos e uma oposição cerrada de dentro e fora de seu segmento nas regiões mais ricas do país e no Nordeste pobre e insuflado pela seca e pela sede. Diante desse quadro vexatório da geopolítica estadual, até Lula fica tonto, sem saber o que de melhor pode fazer por Dilma e seu PT em tempos novos que não são mais como os velhos tempos.
Desprezar o PMDB como parceiro, só porque o partido não tem mais governo e nem empregos como antes tinha, arranhando uma aliança nacional que ainda mantém o governo do PT cambaleante poderá ser um desastre monumental para o PT e para Dilma na Paraíba. Mas seria um extraordinário ganho para os eleitores estaduais que, diante da possibilidade de o PT lançar outra candidatura a governador em 2014, teriam um leque maior de opções. Nesse sentido, uma possível candidatura do ministro Aguinaldo Ribeiro não seria mal vinda. Mas, sem Veneziano, sem Cássio e sem Ricardo Coutinho, dá para o PT achar que vai ganhar deles as eleições na Paraíba?