GENERAL DEMITIDO POR DEFENDER TORTURADOR: Ministro da Defesa acerta ao demitir comandante - Por Kennedy Alencar

 

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Blog do Kennedy

É inacreditável que 51 anos depois do golpe, em 2015, persista no Exército uma mentalidade de tamanho autoritarismo

O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, agiu corretamente ao exonerar o comandante militar do Sul, general Antonio Hamilton Martins Mourão, que fez críticas políticas em palestra a comandados e admitiu homenagem póstuma a um torturador.

Numa democracia, as Forças Armadas devem ter um comportamento de submissão ao poder civil. Um general fazendo críticas a uma presidente democraticamente eleita é inadmissível. Houve até demora na demissão, porque as críticas foram realizadas em meados de setembro.

O general Mourão, transferido para um cargo burocrático e sem tropa em Brasilia, disse que a queda da presidente Dilma Rousseff não mudaria o “status quo”, mas traria a vantagem de descartar “incompetência, má gestão e corrupção”. Esse tipo de observação cabe no debate público civil, não em quartel para animar ou doutrinar tropa.

Também é inadmissível permitir que um subordinado, o general José Carlos Cardoso, comandante da 3ª Divisão do Exército, faça homenagem a um notório torturador da ditadura militar. Essa homenagem póstuma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu no dia 15 de outubro, aconteceu na última segunda-feira.

Ora, Ustra foi premiado por uma vida de impunidade depois de ter torturado opositores da ditadura militar de 1964. Morreu sem pagar por seus crimes.

É inacreditável que 51 anos depois do golpe, em 2015, persista no Exército uma mentalidade de tamanho autoritarismo. Tecer crítica política e homenagear torturador são práticas incompatíveis com um comportamento profissional e constitucional das Forças Armadas.