Faltam o registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o reconhecimento de 490 mil assinaturas, mas o PSD já é considerado partido de fato por seus fundadores, que assinaram nesta sexta-feira, 2, em São Paulo, as primeiras fichas de filiação e anunciaram ser a “terceira maior força política do País”. O raciocínio leva em conta o tamanho da bancada da Câmara dos Deputados: 44 parlamentares exercendo o cargo e 4 ocupando secretarias estaduais, segundo o prefeito de São Paulo e presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab.
Hoje, o PSDB é a terceira maior bancada da Câmara, com 53 deputados, atrás de PT (86) e PMDB (80). Ou seja, para superar os tucanos, Kassab teria de atrair parlamentares do PSDB para seu novo partido.
Na sexta, depois de assinar sua própria ficha de filiação e celebrar o nascimento do PSD, o prefeito mostrou otimismo. “Nós temos a expectativa de que, nos próximos dias, tenhamos a adesão de alguns outros deputados federais, podendo, portanto, ultrapassar 50 (parlamentares).”
Centro. Atrás do palco do pequeno auditório do Edifício Praça da Bandeira – o antigo Joelma –, o PSD aparecia em um logotipo com as cores da bandeira nacional e em letras minúsculas que, se invertidas, mantinham a mesma forma. Para Kassab, é a melhor imagem do que será a nova sigla. “Podem virar de ponta-cabeça, de lado, podem jogar para cima ou para baixo. Seremos e somos de centro”, disse o prefeito. Questionado se o logotipo era definitivo, Kassab afirmou que “pode mudar, se surgir ideia melhor”.
Primeiro a assinar a ficha de filiação ao PSD, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, disse que o partido “mexeu com as placas tectônicas da política brasileira”. Em discurso, ele chegou a citar reportagem do Jornal Nacional sobre nomes de mortos incluídos nos abaixo-assinados para a criação do PSD em Tocantins, Estado da senadora Kátia Abreu – ela e o senador Sérgio Petecão (AC) aderiram à nova legenda.
“Aquilo foi armado. Eles não querem que o nascimento do partido antes de 7 de outubro”, afirmou Afif, citando o prazo limite para a filiação partidária de candidatos a prefeito e vereador em 2012. “Não são democratas. Estão mais afinados com a ditadura que com a democracia”, atacou o vice-governador.
Em Brasília, o líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), acusou Kassab de “criar um factoide” ao comemorar o registro do PSD em dez Estados. “Ele quer criar um fato consumado aproveitando-se do desconhecimento de parte das pessoas”, criticou. “Eles cumpriram uma parte da obrigação, ainda estão devendo 300 mil assinaturas”, completou o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO).