O fisiculturista Kaique Barbanti, 28 anos, foi diagnosticado com Covid-19 em julho de 2020. A princípio, os sintomas foram leves, com perda de apetite, enjoo, dor de cabeça, vômito e dor no corpo. Porém, no 13º dia de infecção pelo coronavírus, ele descobriu estar com 87% de saturação de oxigênio no sangue.
Kaique correu para o hospital, onde foi internado. A partir de então, o quadro piorou: ele precisou passar seis dias intubado e oito dias na UTI. Quando estava prestes a receber alta e finalmente voltar para casa, foi identificado um trombo que se deslocou do coração para o pulmão.
O atleta voltou para a UTI e foi intubado novamente. Fragilizado pela Covid-19, porém, o corpo de Kaique não respondeu ao procedimento, e ele precisou ser colocado em uma ECMO, máquina que funciona como pulmão e coração artificiais. Ele ficou 23 dias nessa condição.
“Me colocaram na ECMO, que é quase uma sentença de morte, e venci. Fui o segundo paciente da história do Hospital Marcelino Champagnat que conseguiu sobreviver após essa máquina. Aí foi começando o milagre“, contou o rapaz, que mora em Curitiba, em entrevista ao G1.
Segundo ele, o prazo normal que os médicos dão para pacientes responderem ao tratamento da máquina é de 15 dias. Sem resposta, os profissionais de saúde esperaram até o 18º dia e decidiram ligar para a família avisando que não havia mais nada a fazer pela saúde de Kaique.
A mãe do jovem, irresignada, foi com a família até o Santuário de Schoenstatt rezar pela melhora do filho. Uma pessoa que estava no local sugeriu que eles comessem mel para “abrir os caminhos”.
“Eles ficaram sem entender, mas guardaram aquilo na cabeça. Saindo do santuário, pararam no farol, e tinha um senhorzinho vendendo mel. Parecia destino, então, eles resolveram comprar, entregaram uma nota e falaram que ele não precisava devolver o troco”, conta Kaique. O vendedor disse uma frase em agradecimento: “Agindo Deus, quem impedirá?”.
Ao chegar em casa, a família recebeu uma ligação da médica, dizendo que Kaique dava os primeiros sinais de melhora. Três dias depois, ele conseguiu sair da ECMO. “Ninguém sabia explicar o porquê, nem os médicos. Eu melhorei absurdamente e de repente”, lembra o rapaz.
Desorientado, após ficar quase um mês inconsciente, Kaique diz que precisou de cinco dias para entender o que estava acontecendo e se acostumar com o corpo extremamente magro – ele perdeu 30 quilos durante os 62 dias de internação. Ao acordar, relata ter se sentido em uma cena de filme de terror: tentou gritar, mas a voz não saiu, por causa da traqueostomia, necessária para a intubação.
Após receber alta, o rapaz precisou de fisioterapia por meses para reaprender a falar, mastigar, engolir e andar. Foram necessários quatro meses para voltar à vida normal.
“Mudou tudo, sou outra pessoa, me arrependi de trabalhar muito nos últimos anos, deixei de estar com meu avô, que era meu melhor amigo, por causa do cansaço. Me arrependi de, às vezes, por causa do meu esporte, deixar de beber com meus amigos, de comer o que tinha vontade. Não vale a pena. Ficou muito nítida essa percepção de como a nossa vida é frágil e como pode acabar de uma hora para outra”, ressalta.
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Agora, o rapaz fechou uma empresa, ficou com a academia de que é dono, e começou a estudar arquitetura, um sonho antigo. Mesmo quando está cansado, faz questão de aceitar todos os convites de familiares e amigos. “Hoje, se a minha mãe me chamar para comer um pastel, por exemplo, mesmo exausto, eu vou. Amanhã não sei se eu ou ela vamos estar aqui. O que importa é o presente”, diz.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba