Filigranas e pirotecnias inúteis

Paulo Santos

Uma das maiores aberrações da atual campanha é a exigência para que os candidatos a prefeito apresentem um detalhado plano de Governo se não quiserem ser punidos caso vençam o pleito em outubro próximo. Isso ganha foros de estupidez porque sabe-se que, neste país, os mecanismos de controle e fiscalização da administração públicas inexistem desde que Cabral desembarcou na Bahia.

Tem muita gente jogando para a plateia. Muitos que poderiam estar usando tempo, conhecimento e altos salários. Entre outras coisas, para cumprir as prerrogativas constitucionais para efetivamente colocar corruptos na cadeia ficam com essas pirotecnias in=ocuas que só servem para aumentar o volume de papel mofando nas repartições públicas.

Quem pode admitir que um prefeito cumprirá qualquer plano de metas, com o rigor exigido, se o Orçamento com o qual trabalhará a partir de 1º de janeiro não foi por ele elaborado, não foi discutido pela Câmara recém-eleita e muitas das providências dependem de exaustivos processos buracráticos, dos quais o mais satânico é a famigerada licitação.

Deveriam os doutos sábios ávidos por enquadrar prefeitos ladrões estimular mecanismos de denúncias, impor-lhes novos meios de agir com transparência, deixa-los mofar na cadeia quando forem pilhados om a botija e devidamente comprovado pela Polícia Federal e o Ministério Público.

Se os três prefeitos presos há poucos dias por desenvolverem esquemas corruptos para roubar dinheiro público com pagamentos fraudulentos de bandas musicais fosse imediatamente afastados dos cargos pela Justiça, impedidos de disputar eleições pelo resto da vida e obrigados a devolver tudo que haviam desviado dificilmente outrso se aventurariam a imitá-los.

No mesmo diapasão, deveriamter leis severas que punissem os empresários corruptos que compactuaram com a orgia financeira celebrada com a cuçlicidade dos conjuntos musicais.Uma vez envolvidas num esquema pelo menos superficialmente comprovado como corrupto n/ao poderiam efetivar contratos com qualquer instituição pública e não se exibiriam nos Estados onde trivessem praticado os “mal fetioa”, como diz a Dilma.

Ficam inventando firulas jurídicas, exigências descabidas e não olham para as deficiências do sistema. Enquanto o Ministério Público não se livrar definitivcamente das nomeações políticas, por exemplo, essa instituição não será forte o suficiente para enfrentar essa máquina corrupta. O primeiro passo não não é programa de Governo carimbado em cartório, mas que o mais votado pelos membros do MP sejam automaticamente ungidos na cúpula, com dois anos de mandato e direito a uma só reeleição.

CAMPINA
Foi tão grande a repercussão da escolha do empresário Ronaldo Cunha Lima Filho para vice que muitos tucanos e outros aliados do senador Cássio Cunha Lima já discutem – e defendem abertamente – a tese da substituição do candidato a prefeito pelo PSDB, deputado Romero Rodrigues. É provável que o “queremismo” ganhe mais adeptos nos próximos dias.

BIRA
Impedido de disputar a reeleição de vereador porque seu partido – o PSB – negou-lhe legenda, Ubiratan Pereira (Bira) vai tentar a recuperação no Judicipario. “O direito dele (Bira) é bom”, diz-me um especialista no assunto lembrando que o conhresso do PSB da Capital do dia 10 de junho – o que ungiu Estelizabel Bezerra como candidata a Prefeita – é o que tem valor para a Justiça Eleitoral e não o de sábado (30).

MARCONDES
O clima entre integrantes do diretório municipal do PSC de João Pessoa, nesta segunda-feira (2), era o de Quarta-Feira de Cinzas. Ninguém, mas ninguém mesmo, no PSC sabia que Marcondes Gadelha havia feito um acordo secreto com o PT. Quando um dos filiados questionou esse fato, o ex-senador simplesmente respondeu: “Voc~e tem suas razões para questionar e eu tinha minhas razões para fazer o acordo com o PT”. Mais melancólico, impossível.

CONCURSOS
O procurador geral do Estado, Oswaldo Trigueiro Filho, foi de uma sinceridade exemplar em entrevista a uma emissora de rádio da Capital: o Ministério Público já esperava uma enxurrada de irregularidades nos concursos públicos oferecidos interior afora, na Paraíba. As exigências da lei motivaram os tradicionais fraudadores atuates no “mercado” paraibano. Mas o Tribunal de Contas ainda não enviou as listas dos familiares de gestores aprovados irregularmente nesses “concursos”.

PATOS
A questão da saúde agravou-se, em Patos. Ao ponto da Igreja Católica – através da Diocese – emitiu uma dura nota oficial se solidarizando com a população que tem procurado o Hospital “Janduhy Carneiro” e não tem encontrado tratamento para suas doenças. A Igreja tomou essa iniciativa após denúncias de vários padres a respeito do estado de calamidade em que se encontra o hospital (que sofreu intervenção ética do CRM) e a saúde de Patos, em geral.
CAMPESTRE
Quem acompanhou o festival de convenções entre sexta-feira (29) e sábado (30), em João Pessoa, não tem dúvidas: os fogueteiros ganharam uma grana espetacular. A todo momento estouravam fogos de artifício nas mais diferentes localidades: Sindicato dos Bancários, Cabo Branco, Jangada, Sesc Centro… Para deleite dos saudosistas do Campestre Clube de Campina Grande no inesquecível 1998, o ano que não terminou.

NO CORAÇÃO
No melhor estilo mineiro, Romero Rodrigues se apoderou do chavão “de coração pra coração” de Damião Feliciano. A escolha de Ronaldinho Cunha Lima para vice, em Campina Grande, é um bordão ambulante. Pra Ronaldão a escolha soou como na música de Cartola: “Me deem as flores em vida, o carinho, a mão amiga…”

ABANDONADA
Já se tem a primeira vítima dessas eleições do ano santo de 2012: a Câmara Municipal de João Pessoa. Apesar do Governador do Estado ser um ex-vereador da Capital, os atuais foram impiedosamente marginalizados pelos candidatos a Prefeito. O vereador peemedebista Fernando Milanez está coberto de razão.

ARIDEZ
Com um Ministério Público e Procons que não assustam nem criancinhas, em João Pessoa, a Energisa e as operadoras de telefonia continuam “deitando e rolando” no constrangimento aos clientes. Essas instituições públicas transformaram-se em meros birôs de emprego.

VOVÔS
O Brasil está mesmo se tornando um país de idosos. E chegando mais: Ronaldinho Gaúcho, Seedorf…

PERGUNTAR NÃO OFENDE
Quando veremos propostas concretas dos candidatos para melhorar as cidades? Cartas para… Deixa pra lá.