Por Rubens Nóbrega
Um dos maiores aperreios de minha vida é perder contato com os filhos, visual ou remoto. Se um deles viaja e demora a dar notícia, por exemplo, entro em pânico ligeirinho, começo a pensar em um monte de coisas horríveis e só sossego quando vejo o nome do ‘desaparecido’ pulsando no visor do meu celular. Atendo de imediato e, confesso, antes mesmo de perguntar como está, como foi ou o que houve, vou logo dando bronca.
Aliás, como disse no começo, nem precisa viajar. Basta estarmos num lugar de muita gente e o menino ou menina sumir da minha vista. Saio a procurar feito um doido e, se não encontro, batem-me o desespero e uma paranoia a dizer que alguém pode estar fazendo mal a ele ou ela. Sentimentos tão medonhos me dominam nessas horas que penso até neles vítimas de sequestro ou coisa pior; e, presunçoso por natureza, por vezes acho que uma perversidade assim possa vir em forma de vingança por alguma coisa que eu tenha escrito ou falado.
A presunção corre por conta deste ofício de criticar e denunciar os malfeitos de uns poucos. Tenho minhas dúvidas, sérias dúvidas, contudo, de que pessoas assim se sintam realmente afetadas moralmente ou emocionalmente. Até por que moral e emoções gozam de má reputação no círculo íntimo dos poderosos eventuais que não se lixam pros semelhantes que lhes colocaram no poder. Daí por que, uma vez sereno e tranquilo, dou total improcedência a essa noia de achar que um desses esteja interessado em me retaliar do modo mais cruel, que seria ferindo aqueles que mais amo nessa vida.
A primeira vez em que pensei ter perdido um filho – e quase enlouqueci por conta disso – tem pra mais de 25 anos. Aconteceu quando inventei de levar o meu primogênito ao supermercado da Praça Castro Pinto, Centro de João Pessoa (ou seria Jaguaribe?), pra ele me ‘ajudar’ na feira. Lembro bem que estava esperando o rapaz do açougue dar um trato no patinho que comprara pra moer quando olhei para todos os lados e em todas as direções e não vi Tulhinho.
Fiquei ensandecido no ato. Saí aos gritos, chamando-o pelo nome, perguntando a um e a outro se vira um garoto assim ou assado. Com o coração quase saindo aos pulos pela boca, corri por todas as ‘avenidas’ do supermercado e não o encontrei. Recorri então ao serviço de som da loja, insisti para que a locutora não parasse um minuto sequer de alertar as pessoas sobre uma criança possivelmente desaparecida ou possível rapto em andamento. Supliquei para que prestassem atenção nas vestes: calção azul de nylon e blusa regata branca com a figura do Mickey Mouse estampada na frente.
Enquanto aguardava algum sinal ou pista que aliviasse meu sofrimento (me doía tanto no peito que eu pensava estar enfartando), optei por ficar na frente dos caixas, bem dizer na calçada, de costas para a praça, numa aflição e ansiedade que não desejo pra seu ninguém. Devo ter ficado menos de um minuto nessa posição, porque não custou mais do que 60 segundos e um cidadão aproximou-se, trazendo pela mão o meu Túlio.
Ajoelhei-me, chorando, e abracei meu filho apertado por alguns segundos. Depois, levantei-me para agradecer ao estranho que me devolvera o primeiro grande tesouro da minha existência. Ele se identificou motorista de táxi. Fazia ponto ali mesmo na Castro Pinto. E me falou algo que nem a ‘quietude eterna’ ou o Alzheimer mais intenso, se um dia vier, vai me fazer esquecer:
– Menino esperto esse seu, amigo. Pois, é de não acreditar, mas ele chegou pra mim e falou assim, apontando aqui pra entrada do supermercado: “Moço, me ajuda a encontrar meu pai que tá perdido lá dentro”.
Cuidado total com meu neto
Hoje homem feito, Túlio é pai do meu primeiro neto, Davi, que já vai fazer três anos. Mais um pouco e vou querer levá-lo pra me ajudar no supermercado. Mas tenham a certeza de que, não importa o tamanho do pirralho, ele vai ficar o tempo todo dentro do carrinho das compras. E se for a shopping sozinho comigo em dia de multidão, só lhe largo a mão na hora de devolver ao filhão e a Andrea, minha nora.
Agradecendo aos deputados
Recebi a semana na última semana três ofícios da Assembleia, todos assinados pelo Deputado Arnaldo Monteiro, Segundo Secretário da Casa, dando conta de que dois colegas seus requereram transcrição nos Anais do Poder Legislativo de artigos publicados neste espaço e um terceiro consignou voto de aplauso pelo lançamento do livro ‘Histórias da Gente’, de autoria deste colunista.
Da Deputada Iraê Lucena fui honrado com a inserção nos registros da Casa de coluna sobre ‘Extermínio de Mulheres’, publicada em 3 de julho deste ano. Já o Deputado Ivaldo Morais me distinguiu pela publicação do artigo intitulado ‘O Gênio de Alagoa Nova’, homenagem ao jornalista e cronista Gonzaga Rodrigues que cometi na edição de 9 de junho.
Por último, mas não menos importante para este proto de escritor, o Deputado Tião Gomes conferiu destaque a ‘Histórias da Gente’ na ata dos trabalhos legislativos. A propósito do meu livro, aproveito para dizer que ainda tem uns poucos exemplares à disposição dos interessados na Livraria do Luiz (Galeria Augusto dos Anjos, Praça 1817, Centro da Capital), na Livraria Leitura (Manaíra Shopping) e bancas Viña del Mar (Lagoa e Mag Shopping).