A pasta avalia que o número deve crescer ainda mais com a perspectiva de o valor do Auxílio Brasil subir e o vale-gás chegar a mais famílias.
“Mesmo com a secretaria inscrevendo todas as famílias que aparecem nos Cras, não significa que sejam atendidas imediatamente”, diz a pasta carioca.
Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, no entanto, faz um questionamento:
“Se o Ministério da Cidadania diz que não tem recursos para incluir mais famílias no programa, inclusive no vale-gás, hoje a fila está em 2,78 milhões de pessoas (segundo a CNM) como vai aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600?”
O sociólogo e professor da UFRJ Paulo Baía avalia que o aumento do auxílio vai ferir as leis de Responsabilidade Fiscal e do Teto de Gastos. E adverte:
“Isso é o que chamamos de patrimonialismo e clientelismo, o erário que se dane. A qualidade de vida de toda a população para depois de janeiro de 2023, para eles (governo), não importa”, critica.
“É uma pena que algo tão necessário, que corrige uma grave injustiça social, que permite que o pão chegue à mesa do faminto, esteja sendo usado a três meses da eleição, e por um governo que sempre considerou esse tipo de ajuda como ação de um estado babá sustentando quem não trabalha, o que nunca foi verdade”, disse Antonio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz.
Paola, da Rede Brasileira, chama atenção para a confusão que o anúncio de aumento do Auxílio Brasil está causando nas milhares de pessoas que estão na fila à espera da renda mínima:
“As pessoas estão tentando se cadastrar e não conseguem porque as prefeituras não estão dando conta de tanta procura. Já as que se cadastraram continuam na fila sem saber se vão receber, mesmo dentro dos critérios. O principal questionamento delas é: já que vão aumentar o valor, será que vão liberar para todos que estão na fila?”
Outras regiões
Em Guapimirim, cidade da Região Metropolitana do Rio, 13 mil pessoas estão inscritas em programas sociais do governo. E outras 2,7 mil aguardam para receber o Auxílio Brasil.
“O aumento da procura de pessoas no Cras para inscrição no CadÚnico, mesmo sem número exatos, já pode ser percebido pelos profissionais”, informa a prefeitura, em nota.
“A demora do governo federal em ajudar as famílias vulneráveis ocorre em um momento de grave crise econômica e da volta do país ao mapa da fome”, lamenta uma fonte da Prefeitura do Rio.
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária de Niterói não disse quantas pessoas estão da fila do Auxílio Brasil na cidade. Mas informou que 31 mill famílias do município recebem a Moeda Social Arariboia.
“Desde 2020, com o início da pandemia, é percebido um aumento expressivo de pessoas que procuram os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) para realizar a inclusão de dados no CadÚnico, que serve como base tanto para o programa federal, como para o municipal, porém não há gerência do município sobre os programas Auxilio Brasil e vale-gás”, informou em nota.
Procurada, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos de Duque de Caxias esclarece que “houve um aumento significativo de pessoas para realização de inclusão de dados no CadÚnico”, mas não informou a quantidade de pessoas que estão na fila à espera do auxílio.