O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a tentativa de setores do Judiciário para esvaziar o poder de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Para ele, trata-se de um “retrocesso corporativista”.
“Por que criaram o CNJ? Porque havia a sensação generalizada de que os mecanismos normais não funcionavam por causa do corporativismo”, disse.
Segundo o ex-presidente, eventuais mudanças no conselho precisam impedir o seu enfraquecimento. “Deve-se chegar a um acordo com regras definidas que não impeçam que o CNJ seja acionado.”
Em um debate em São Paulo sobre as mudanças políticas do país nos últimos 15 anos, FHC também disse que o corporativismo tem crescido com a sua capacidade de “pressão difusa”.
“Existe um risco de substituir o clientelismo por um corporativismo.”
Sobre a criação de um novo imposto para financiar a saúde, FHC disse que é contra e citou declaração do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). “Se ele, que é do PT, é contra, então eu não posso ser mais realista que o rei.”
Questionada sobre a redução da taxa básica de juros feita pelo Banco Central no começo do mês, o ex-presidente considerou a medida precipitada.
Já, em sua fala, a professora da Universidade Harvard Frances Hagopian elencou uma série de exemplos sobre os progressos do país nesses anos. Entre eles, ela falou do fortalecimento dos chamados “partidos programáticos”, que, segundo ela, são o PT e PSDB.
A professora ainda identificou uma aproximação entre as duas siglas. “Nas eleições, a posição dos candidatos do PSDB e PT foram mais parecidas que há dez anos”, disse. “É verdade”, completou FHC.