Marcos Tavares

 

Não devemos esperar muito desse ano que se inicia. O modelo brasileiro de divisão de renda e ascensão social já alcançou seu patamar. O dinheiro da bolsa dado pelo governo fez subir a linha de pobreza, mas como ele não tem porta de saída esgotou-se nele mesmo e está a reclamar uma retomada no desenvolvimento e, sobretudo a geração de empregos. Não se sai do buraco com esmolas e esse, incrivelmente, é o programa que o nosso governo petista ostenta como carro chefe desde o primeiro ano de Lula e parece não querer mudar ou ao menos revisá-lo.

Dilma diz que nossa reserva de dólares nos blinda contra uma crise mundial. É uma falácia. Todos os dólares guardados não nos socorrerão de uma recessão grave nos Estados Unidos, China e Europa nossos principais compradores. É uma regra simples do comércio. Se seu comprador quebra, você quebra logo depois por absoluta falta de ter a quem vender, o que vai destruindo uma cadeia que começa na indústria e acaba no campo. Nós dependemos ainda de nossa soja, nosso café, nosso minério e eles só terão comércio se o mundo tornar a crescer.

Outro gargalo para nosso crescimento é nossa péssima educação, que apesar de constantemente avaliada mantém-se cada vez mais distante da realidade do mercado e de um mundo moderno. Não faremos uma revolução na educação sem implantar dois expedientes, criar uma escola que seja agradável aos alunos, que os tire das garras do vício e que, sobretudo, os prepare para um mercado de trabalho globalizado onde só entra quem tem competência. Por isso e mais outras coisas, devemos viver um ano velho, mesmo com numeração nova, um ano de poucas esperanças e de realizações ainda menores.
Impostos
O grande desafio do presidente Obama este ano será convencer democratas e republicanos a apoiarem sua política de aumento nas tarifas de impostos, especialmente dos mais abastados.
Essa ideia revolta políticos, todos eles advindos de grandes fortunas e que não dispostos a legislar contra eles.
Esgotado esse diálogo, Obama terá então de cortar forte na carne do orçamento americano penalizando ainda mais a área de assistência social e o apoio aos desempregados.


Comando
Na Europa, Alemanha e França – essa mais discreta – continuarão ditando o ritmo da dança a países pobres como Grécia, Portugal e Espanha.
Resta saber se os cidadãos desses países vão optar por apertar o cinto e continuar na comunidade europeia, ou viver sua vida sem amarras desligados desse sistema econômico que parece ser muito duro com algumas categorias.
Será o teste do euro como moeda única no continente.
Paz 
Neste ano que chega, mais paz no trânsito, na vida, na família e na sociedade.
A violência não constrói. E destrói.

Guerra
A Síria deve continuar e aumentar mais os combates, as mortes e a violência. É que agora não lutam somente para derrubar o presidente. Lutam por facções religiosas com seus ódios ancestrais difíceis de resolver.

Saída
Como já prometeu Obama, os americanos vão desertar do Iraque, enrolar a bandeira e deixar o assunto nas mãos dos iraquianos.
Será também a deixa para que grupos religiosos rivais dominem regiões dividindo o país numa colcha de retalhos administrativa. E sangrenta.

Bomba
Até agora ninguém teve peito para encarar o Irã e seu projeto de armas nucleares. Israel ameaça, os americanos ameaçam, mas o programa segue dentro do possível.
Alguns analistas militares acham inclusive que o Irã já teria protótipos desse tipo de arma.

Livres
Gengis Khan avisou: livre-se do veneno da serpente, da garra do tigre e do ódio de um afegão. Ninguém quis ouvir e os guerrilheiros afegãos expulsaram russos, americanos e a Otan.
Hoje o país vive dividido entre minorias políticas e étnicas.

Protocolo
Depois do Protocolo de Kioto nada de novo na área de conservação dos recursos naturais.
Os países em desenvolvimento – que comandam a farra – não querem desaquecer suas economias.
Frases…

Novidades – O ano só será novo se você também renovar-se.
Passagem – Não esqueça. Os anos passam e você passa junto.
Memória – O ano velho é agora um calendário inútil na parede.