Família de copiloto contesta falha humana em acidente de Campos

A viúva Renata Campos não quis se manifestar publicamente

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A família do copiloto Geraldo Magela Barbosa da Cunha, de 44 anos, uma das vítimas do acidente aéreo que matou no ano passado o ex-governador de Pernambuco e então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, contestou nesta sexta-feira, 16, a conclusão da Aeronáutica sobre a tragédia ocorrida em Santos. Conforme divulgou o Estado, as investigações do órgão concluíram que o acidente foi causado por falhas do piloto da aeronave, Marcos Martins, colega de Geraldo Magela. Familiares do copiloto, que moram em Governador Valadares, região leste de Minas Gerais, acusam a Aeronáutica de criar um “bode expiatório”.

O irmão mais velho do copiloto, Eduardo Cunha, de 50 anos, sustenta a afirmação de que a Aeronáutica estaria buscando “culpados” pelo acidente em função da experiência dos pilotos. A própria Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirma que ambos possuíam mais de 1.500 horas de voo registradas. “Responsabilizar os pilotos é um absurdo. Ninguém coloca um Cessna daquele modelo nas mãos de pilotos inexperientes. Todo mundo sabe que o Marcos Martins, inclusive, era conhecido por pousar aviões em condições difíceis”, disse.

Cunha também rechaçou qualquer possibilidade de desentendimentos entre Marcos Cunha e o irmão. Segundo ele, os dois tinham boa relação profissional e fora do trabalho também. “Chegaram a dizer que os dois vinham se desentendendo. Isso é outro absurdo. Nunca vimos ele reclamar do Marcos. Pelo contrário. Dizia que ele era um grande piloto, que dominava o que fazia”, afirmou o irmão do copiloto, ressaltando que só a fabricante da aeronave e a do motor poderão dar dados mais concretos sobre as causas do acidente. “Antes disso, é tudo especulação”, concluiu.

Silêncio. A postura do parente do copiloto de questionar as conclusões da Aeronáutica contrasta com a dos familiares de Eduardo Campos, que preferiram evitar comentar o assunto. Apenas o irmão do ex-governador, divulgou nota na qual afirma que é “prematura” a conclusão sobre as causas do acidente neste momento. No texto ele observa que os laudos da Aeronáutica e do Centro de Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa) tratam de “possibilidades quanto a causa de acidentes e não são conclusivos”. Segundo ele, o procurador da República Thiago Nobre, em Santos, lhe prometeu, em audiência recente, a conclusão dos inquéritos policial e civil para fevereiro, pois ainda aguarda a conclusão de perícias. “Até lá, é prematura a conclusão noticiada, até porque está pendente de conclusão relevantes perícias”, diz a nota.

A viúva Renata Campos não quis se manifestar publicamente. De acordo com pessoas próximas a familiares do ex-governador, os parentes preferem aguardar o relatório final das investigações.As famílias de outras duas vítimas – o assessor de imprensa do ex-governador, Carlos Augusto Leal Filho, o Carlos Percol, e o fotógrafo Alexandre Severo – também preferiram não comentar o teor da investigação.

A assessoria de comunicação do governador Paulo Câmara (PSB), afilhado político de Eduardo Campos e vice-presidente do partido, informou no fim da manhã que vai aguardar a divulgação oficial da investigação.

Estadão