O filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente Goulart, está em João Pessoa para lançar o livro’Jango e eu – Memórias de um exílio sem volta’. Em entrevista ao programa Master News, da TV Master, na noite desta quarta-feira, 17, Vicente falou sobre as histórias contadas na publicação e analisou o contexto político atual.
Questionado sobre não participar da política nacional, João Vicente disse que foi eleito deputado pelo Rio Grande do Sul, “quando houve abertura política”, explicou. João disse que, “apos o golpe de 64, ficamos fora do país, no exílio, e meu pai faleceu em 76, nossa família retornou ao Brasil em 79, quando o golpe aconteceu, pensávamos que seria só mais uma, mas não, o golpe foi planejado pelas forças reacionárias, que não estavam satisfeitas com as mudanças que aconteciam naquela época”, continuou.
João Vicente revelou ainda as mudanças de país quando os militares de diversos países da América Latina foram tomando os governos e “nós tivemos que vagar de país, em país, e eu conto isso no livro, de certa forma, comparando as situações de 64 e 2016”.
Ele avaliou o momento político atual e classificou como “desmantelamento e descrença”, para João Vicente, “vivemos em um momento de entreguismo do país e perda de direitos”. “Acredito que já vivemos em um estado de exceção, os golpes evoluem, hoje nós não temos os militares, não precisamos mais disso, para achar que estamos num momento normal, existem dois tipo de guerra, a guerra aberta, quando os militares norte-americanos estavam em nossas fronteiras em 64 esperando que Jango resistisse ao golpe e o país seria dividido em dois, nós soubemos disso tudo depois de um tempo”.
Ele seguiu dizendo que “depois do golpe militar no Brasil, vivemos outros modelos de guerra, as guerras fechadas são dirigidas pelo descredito das instituições e dos políticos, pela inflação, corrupção e demais problemas que a nação brasileira enfrenta hoje, vivemos uma situação similar a 64, num parenteses democrático, temos hoje um Congresso completamente suspeito, trocamos os militares pelo juízes, não falo, especificamente, de Lava Jato e Moro, mas de posicionamento e escolha idônea de ministros, deveríamos ter mandatos de ministros no STF, vivemos o derretimento de nossas instituições”.
João Vicente defendeu eleições, em 2018, com participação de todas as vertentes políticas do Brasil e depois a realização de uma nova constituinte, que promova uma grande reforma no país. “Custa cerca de R$ 15 milhões para eleger um deputado federal hoje e o político vai sentar na cadeira e defender os interesses da empresa que o elegeu, o Brasil é o único país que não tem cientista para defender o desenvolvimento energético, que não tem pensadores sendo eleitos para defender pontos de vista, temos que ter uma dmeocraci participativa, neste modelo representativo, nós jamais teremos representantes do povo brasileiro sendo eleitos para defender os interesses das pessoas”, opinou.
O entrevistado falou sobre diversos assuntos que precisam ser revistos no Brasil, como a dívida externa, o modelo econômico, que enriquece os bancos e empobrece o poder público, “não podemos abrir mão de nossas riquezas, temos que defender os direitos conquistados e os bens públicos, o modelo não pode ser do entreguismo”, pontuou.
Ele finalizou dizendo que “os quepes militares foram substituídos pelas togas do judiciário”.
Créditos: Polêmica Paraíba