Estádios feitos em série: "Piscina na favela"

Bruno Filho

Não estranhem, analisem a fundo e verão que estou no caminho da razão. Dos estádios que serão usados na Copa das Confederações e depois na Copa do Mundo, já tivemos acesso a vários deles pessoalmente ou então através das imagens de televisão. Pasmem e prestem atenção: são todos iguais, feitos em série !

O acabamento dos mesmos é de segunda linha, problemas surgem espoucando em todos os dias de jogos transformando sempre a jornada esportiva em constatação de denúncias . Muitos vão achar que estou delirando, mas o prisma que quero usar é o da mesmice nas construções. Vamos tentar descrevê-los para ficar mais claro.

Em primeiro lugar, qualquer novidade em termos de estádios que surgisse no Brasil seriam bem vindas…estavamos acostumados com praças esportivas velhas, cheia de problemas e que não eram reformadas nem a força do facão, mas tinhamos estilo nas construções. Eram superadas porém com conteudo arquitetônico das datas em que foram construidas.

Estas novas são todas iguais, arquibancadas compridas de cimento com assentos de segunda linha, uma mureta de concreto separando as acomodações do gramado para dar impressão de primeiro mundo e mais nada, todas absolutamente iguais. Claro que as áreas “vips” e os camarotes sofreram um capricho maior pois ali se sentam os formadores de opinião, o resto é tudo igual.

Vejam o Maracanã ? totalmente descaracterizado ! aquele não é mais o Maracanã de forma nenhuma, perdeu o seu charme essencial, é uma grande escadaria com assentos e mais nada. O Mineirão ? é outro…totalmente diferente, este molde da FIFA é de uma grande concentração de casas populares como nas obras que servem para aumentar a auto-estima de governos.

Quanto ao gramado: espetaculares ! pois são os que mais aparecem na televisão, gramado bom o “Almeidão” também tem, um gramado sensacional. A iluminação também é perfeita, pois através dela é que as imagens chegam ao mundo inteiro. O restante é “perfumaria”, e por esse motivo ficaram prontos tão rápido e todos ao mesmo tempo.

Uma jogada de gênio dos idealizadores. Quando falo em “piscina na favela”, de forma nenhuma desmereço as favelas que fazem parte de nossa cultura, eu quero mesmo é desmistificar as piscinas. Um engodo. E através dele torna-se muito mais facil ganhar com super-faturamento, que me parece obvio, ocorreu e ainda está ocorrendo. Ganha-se de todos os lados e tudo ainda consegue ser omitido.

Formação de opinião é importante demais, e está sendo repassada aos torcedores de todo o mundo aquela que interessa. Pessoalmente, nem 1 por cento da população brasileira estará no palco dos jogos, os outros 99 por cento estarão pela televisão. Então vamos fazer um grande palco iluminado, bom de imagem mas oco por dentro.

Uma espetacular negociata de mestres e nós entramos nessa de chamar de primeiro mundo. Primeiro mundo coisa nenhuma ! só quem foi de metro a Arena Pernambuco ver Nautico e Sporting sentiu na pele o que é um deslocamento popular em Recife, e não será diferente em São Paulo ou em Porto Alegre. Nas outras capitais será da mesma forma.

Resumindo: tetos com goteiras e caindo, entorno dos estádios abandonados, povo sofrendo a menos de 100 metros dos locais e o mundo inteiro vendo uma grande novela engendrada pelos espertalhões comandados por Zurique e nós entramos nessa ! não dá nem vontade de escrever mais nada, somos todos vitimas de “ultraje, e a rigor”, como de meu amigo Roger.

Tomara que passemos logo por este grande “mico” que fomos obrigados a engolir e na hora de fazer as contas e pagar as dividas que Deus tenha piedade do sofrido povo brasileiro, porque este dinheiro sairá certamente do nosso bolso, em troca de alguns mirrados gols que ainda não temos ninguém que os faça. Pobre povo brasileiro !