Equipe destrambelhada

Paulo Santos

Quem conhece o ex-governador José Maranhão um pouco mais de perto, com o mínimo de intimidade, sabe que ele é às vezes exageradamente metódico, adepto do planejamento e isso pode explicar seu passado de sucesso nos planos político e empresarial.
Como explicar, então, que um cidadão experiente, com quase 60 anos de vida pública e mandatos exuberantes – deputado estadual e federal, três vezes governador e uma vez senador – pode ser pego por uma falha tão primária como a desaprovação das contas de uma campanha?
Simples: uma equipe destrambelhada e incompetente, que o levou à derrota na campanha governamental de 2010 e que, neste ano santo de 2012, está quase conseguindo que ele sequer possa ser candidato a Prefeito da Capital.
É natural que haja confiança do assessorado nos seus assessores, mas é impossível não admitir que há certa ingenuidade em não passar um “pente fino” na equipe que provocou o desastre de dois anos atrás e apertar a cobrança no rescaldo de 2010. Ninguém escaparia.
Desde que Moisés desceu do monte Sinai sabe-se que é necessário prestar contas à Justiça Eleitoral dos gastos de campanha. Maranhão, como sempre o fez, postou-se diante do Judiciário para essa providência e o que se viu? Um balanço capenga que o TRE ficou cobrando.
A Justiça Eleitoral aguardou, nos prazos consentidos em lei, a resposta da assessoria jurídica de Maranhão sobre novos documentos para justificar os gastos da campanha. A Corte não foi levada a sério. Confiou, talvez, nas amizades e no velho jeitinho brasileiro.
Maranhão, pela sua história de correção, não merecia isso. Mas esse episódio das contas re provadas vai ser apenas mais um dos muitos que já incluíram aquela equipe de 2010 na triste história dos grandes desastres políticos da Paraíba que tinha uma vitória aparentemente tranquila.
O dono da revista A Semana, Neno Rabelo, o publicitário Carlos Roberto de Oliveira e meu filho Sidharta são testemunhas de que, ás vésperas da eleição, “cantei” que haveria segundo turno. A incredulidade dos três só caiu na segunda-feira após o pleito quando viram os resultados do prieiro turno.
O que houve, então? Mais de 15 dias antes do pleito o dono de um instituto de pesquisa me disse com todas as letras: estão traindo M aranhão descaradamente, os números das pesquisas nãosão esses e ainda fez outras ponderações que aqui não interessam.
Alguém deve lembrar que assessores de Maranhão foram acusados de atitudes promíscuas com empresas habituadas a manipular pesquisas. O jornalista Luiz Torres, à época, quase foi linchado por peemedebistas porque divulgou gravações telefÃ?nicas comprometedoras.
Maranhão, se foi informado do que acontecia, sabiamente deixou que o primeiro turno se exaurisse para tomar providências naquele e em outros setores. Não tomou na proporção devida e o desastre do primeiro se repetiu no segundo turno.
Há poucos dias Maranhão foi visto reunido com várias pessoas para traçar a estratégia de sua pré-campanha a prefeito da Capital. No grupo, várias figuras que o levaram à bancarrota de 2010. Erra é humano, mas permanecer no erro é diabólico, já disse alguém.
Os peemedebistas – e principalmente os eleitores de Maranhão – esperam que a equipe de advogados por ele contratada para fazer sua defesa no Tribunal Superior Eleitoral esteja ao nível daquela que restituiu-lhe a cadeira de Governador em 2008. Além de competência é preciso ter, também, humildade.
Não é impossível que, no campo jurídico, Maranhão – dono de uma irretocável ficha limpa – consiga superar essa condenação. Difícil, porém, será ele se manter impassível num debate político ao ser questionado por adversários a respeito de um Â?possível uso de “caixa dois” na campanha de 2010. Não será despropositado: foi o que o TRE deu a entender.

ACORDO EM CABEDELO

O deputado Trócolli Júnior (PSB) pode até desmentir, mas há fortes indícios de que ele caminha célere para um acordo com o pré-candidato do PMDB em Cabedelo, Luceninha. É que est[á cada vez mais difícil a campanha do parlamentar decolar para prefeito.

GUERRA FAMILIAR

O deputad o estadual Wilson Braga (foto) está entre a cruz e a caldeirinha em sua terra natal, o município de Conceição. Ali, dois dos seus familiares – a irmã Vani e o sobrinho, ex-prefeito Alexandre – se engalfinham na disputa pela Prefeitura. Observadores acreditam que, nessa guerra, quem leva vantagem é a oposição.

BRAÇOS CRUZADOS

Pouco depois da reunião do PSB no hotel Xênius, na noite desta quarta-feira (4), alguns socialistas não escondiam o desejo de adotar uma dessas duas alternativas: abrir uma dissdência e votar em Luciano Cartaxo (PT) para prefeito ou cruzar os braços e deixar Estelizabel Bezerra à sua própria sorte. Outro grupo não queria nem pensar nessas hipóte ses com medo de que os poderes de telepatia levassem suas maquinações ao Palácio da Redenção.

PERGUNTAR NÃO OFENDE

De que vai adiantar o povo ter paciência contra a violência, como aconselhou o comandante da Polícia Militar, coronel Euller Chaves? Cartas para… Deixa pra lá.