Entre lágrimas e esperanças

Gilvan Freire

VIDENTECEGO – A morte de Waldir Bezerra despovoa o mundo político de um modelo de homem público íntegro que parecia anacrônico e fora de uso e de moda. A sua herança moral não serviria mais aos políticos dos novos tempos, que não encontram mais utilidade na sua decência. Virou apenas um tesouro particular da família que ele mesmo educou para não se afastar da linha de retidão. Já é uma herança rica demais.

VIDENTECEGO – Júlio Rafael, fora de sua habitual alegria, chocou os amigos com esse intrigante desaparecimento do cenário. Era tudo o que nem ele nem nós queríamos que acontecesse de forma tão prematura. Deixar Lula, Zé Dirceu e o PT doeu-lhe mais do que o câncer. Mas teve pelo menos tempo para preparar Ana Adelaide diante do inevitável, a fim de que ela sofresse menos do que ele na despedida e seguisse os caminhos reservados aos dois. A duras penas ela compreenderá o último pacto.

VIDENTECEGO – O melhor pedaço do PT foi cremado nesta sexta-feira à tarde, em João Pessoa, sem ser nos fornos do partido. Nem as cinzas, como adubos, farão germinar novas sementes da mesma espécie. É sinal dos tempos e de lavouras em extinção.

VIDENTECEGO – Agra, que já vinha morrendo de raivas do PT, por causa de gravíssimas deslealdades de que estava sendo vítima, morreria também cremado nos fornos caseiros do partido, se tivesse se filiado a ele. Escapou de dois acidentes mortíferos e poderá ajudar a cremar o PT nas urnas em 2014. Ricardo Coutinho já havia ensinado antes que quem quiser escapar do fogo mais ardente do crematório petista o melhor a fazer é ficar distante das chamas.

VIDENTECEGO – Veneziano e Agra deverão unir Campina a João Pessoa nas eleições do próximo ano. Quem é contra RC vai adquirindo corpo de serpente venenosa que morderá os pés da fera mais temível do território paraibano dos últimos tempos. Todos os que fogem de RC com medo já fogem também de Cássio com desgosto. Dá pra se ver que atacar e coçar é só começar. Já era tempo.

VIDENTECEGO – Ao colocar Agra no partido e dar-lhe autonomia de vôo, Ricardo Marcelo pode está transferindo a ele o seu próprio projeto. Quer emprestar ao processo o sentido antigo, perdido, da lealdade política, e oferecer uma educação fora dos padrões predominantes. Certamente está apostando que o eleitor está querendo algo diferente. É a aposta.