O governo de Pernambuco voltou a alterar as informações publicadas em sua página oficial no Facebook sobre o velório, a missa campal e o sepultamento do corpo do ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência Eduardo Campos. O novo texto afirma que ainda não há dia ou horário confirmados, mas que o local ainda será no cemitério Santo Amaro, no Recife.
Inicialmente o governo anunciara que o enterro já estava marcado para 16h do domingo. Uma hora após o primeiro anúncio, contudo, o assessor de imprensa Ivan Maurício informou que procedimentos burocráticos para a liberação do corpo podem atrasar o traslado e as cerimônias fúnebres. O governo voltou a mudar as informações às 20h.
Segundo Maurício, é preciso que a Polícia Civil de São Paulo autorize formalmente o traslado dos corpos após liberação pelo IML (Instituto Médico Legal) do Estado.
A expectativa era que o corpo de Campos fosse liberado amanhã pela manhã. Com os procedimentos para liberação do corpo, contudo, o corpo de Campos deve chegar ao Recife até a madrugada de sábado para domingo.
O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), que disse falar em nome da família de Campos, afirmou, após o primeiro anúncio do governo sobre o enterro, que até agora o domingo é apenas uma data prevista para o enterro.
O cronograma para liberação do corpo de Campos foi formulado após reunião do governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. O corpo de Campos será velado no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo.
Cemitério é preparado
O Cemitério Santo Amaro, no Recife, onde será enterrado o corpo do ex-governador de Pernambuco e candidato do PSB à Presidência da República Eduardo Campos, já está sendo preparado para a cerimônia que, entretanto, ainda não tem data definida.
Desde o início da manhã de ontem cerca de 200 homens da prefeitura limpam as ruas próximas, podam árvores, trocam lâmpadas e tapam buracos. Por decisão da família, os restos mortais de Eduardo Campos serão enterrados no túmulo onde foram sepultados o avô, Miguel Arraes (ex-governador de Pernambuco, que também morreu em um dia 13 de agosto, há nove anos), e um tio do candidato, Carlos Augusto Arraes de Alencar.
Desde que foi dada a notícia da morte de Eduardo Campos,), em um acidente de aéreo em Santos (SP), o túmulo da família Arraes virou ponto de peregrinação para centenas de recifenses.
“Desde ontem, não para de passar gente aqui. Em média, o cemitério recebe cerca de mil pessoas diariamente. Após o acidente, esse número saltou para 1,5 mil”, informou o chefe da Divisão de Necrópóles do Recife, Petrus Tejo. Por dia, são realizados cerca de 35 enterros no Santo Amaro.
De acordo com Tejo, no dia do sepultamento de Campos, não haverá outros enterros no cemitério. A expectativa é que milhares de pessoas compareçam à cerimônia. Além da família e de pessoas próximas, políticos e autoridades de todo o país, como a presidenta de candidata à reeleição Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Pernambuco, João Lyra Neto, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o presidenciável Aécio Neves (PSDB), devem comparecer à despedida de Eduardo Campos.
Sozinha e abatida, a aposentada Laene de Loiola aproximou-se, no fim da tarde de ontem, do túmulo de Miguel Arraes e ficou um bom tempo parada ali. “Estou rezando por eles. Oração nunca é demais”, disse Laene
Varredura não tem prazo
A varredura final no local onde caiu o avião que provocou a morte do candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, e de seis membros da sua comitiva não tem previsão para terminar, informou ontem o capitão do Corpo de Bombeiros Marcos Palumbo.
Segundo Palumbo, as buscas nas casas mais próximas ao lugar do acidente, localizadas em uma área de aproximadamente 130 metros, já foram finalizadas e agora estão concentradas em um bambuzal, bem próximo ao ponto zero, forma como está sendo chamado o local onde caiu a aeronave. As equipes do Corpo de Bombeiros procuram agora por eventuais restos mortais que possam ainda estar sob os escombros nas proximidades do ponto zero.
Piloto tentou minimizar impacto
O delegado da Polícia Civil e diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) de Santos, Aldo Galeano, disse ontem que, embora a investigação das causas do acidente fique a cargo da Aeronáutica, pela dinâmica da descida do jato, é provável que o piloto estivesse consciente no momento da queda. “O avião caiu num lugar que tinha um certo espaço e ele procurou enfiar o bico no meio do bambuzal para amortecer a velocidade do impacto, talvez tentando salvar alguma vida”, declarou. Segundo ele, após uma observação do mapa da área, repleto de prédios, o jato caiu no único espaço amplo, com alguma condição de pouso.
Galeano declarou que a prioridade da polícia é liberar os corpos de Eduardo Campos, candidato à Presidência da República, e dos seis membros de sua comitiva que morreram no acidente aéreo em Santos. “A gente quer acelerar essa parte para as famílias terem um conforto de pelo menos velar as pessoas que se vitimaram”, disse ele.
Segundo o delegado, o prazo para liberação dos corpos, que estão no Instituto Médico-Legal (IML) na capital paulista, vai variar de dois a três dias. Os restos mortais serão separados conforme o material genético recolhido. Esse trabalho depende também do tempo de demora da chegada de amostras de DNA dos parentes das vítimas.
Aldo Galeano informou ainda que a Polícia Civil apura se houve homicídio culposo. “[Vamos apurar] se houve negligência, imperícia ou imprudência. Isso pode envolver desde o piloto – se foi uma falha humana, estaria extinta a punibilidade porque ele faleceu no acidente, e pode envolver problemas de manutenção, de defeito da aeronave”, disse.
Base fez alerta sobre drones
O piloto do jato que conduzia o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos recebeu um informe com alerta para uma área de veículos aéreos não tripulados, chamados drone ou Vant. O documento informa que no período entre 11 e 31 de agosto havia uma área de voo de Vant nas proximidades da base aérea de Santos.
Com base nas coordenadas geográficas citadas no informe, um especialista identificou que a área ativada para voos de veículos aéreos não tripulados está aproximadamente a 19,5 km da pista de pouso na base aérea de Santos. Segundo três pilotos, a área é distante do aeroporto, mas não se pode descartar a hipótese de que um Vant possa ter se deslocado.
“Era uma área que estava ativada para Vant. Não deveria se descolar, mas é claro que pode acontecer”, afirmou Rodrigo Spader, diretor de regulação do Sindicato Nacional dos Aeronautas. “Tudo é possível, mas nós não vamos trabalhar com hipóteses. Vamos aguardar a investigação.”
Especialista em investigação de acidentes aéreos, o comandante Carlos Camacho afirmou, após analisar o alerta, que “não se descarta a possibilidade de que o Vant pode ter se colidido com o avião” em que estavam o governador e outras seis pessoas. “Como é um objeto muito pequeno, se ele estava na linha (da aeronave), pode ter contribuído para a explosão do motor”, complementou.
Segundo os especialistas, o alerta para o período pode ter levado em conta o fato de que várias aeronaves se deslocariam para a base aérea devido ao período eleitoral.
Cessna diz que vai colaborar
A TAM Aviação Executiva, que representa a Cessna no Brasil, informou, por meio de nota, que está à disposição das autoridades brasileiras para prestar “total auxílio” durante as investigações do acidente aéreo que matou o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos na quarta-feira. A empresa, no entanto, só se pronunciará sobre o acidente, à imprensa, depois da conclusão das investigações.
Eduardo Campos e sua equipe de campanha voavam do Rio de Janeiro para um compromisso em Santos, em um jato executivo Cessna Citation Excel (560XL). Devido ao mau tempo, o piloto da aeronave tentou arremeter e acabou caindo na cidade paulista, matando todos a bordo.
O Cessna Citation é um avião a jato com capacidade para transportar até 12 pessoas. Ele tem 16 metros de comprimento e 17 metros de envergadura, com autonomia de voo de 3.900 quilômetros. A aeronave pode voar em a até 45 mil pés (cerca de 13 mil metros de altitude) e atinge uma velocidade máxima no ar de 817 quilômetros por hora.
A TAM Aviação Executiva é uma subsidiária da companhia aérea TAM.
Correio da Paraíba